sábado, 30 de abril de 2011

ILUSTRAÇÃO PARA SERMÃO- DOAÇÃO DE SANGUE

DOAÇÃO DE SANGUE
Numa aldeia vietnamita, um orfanato dirigido por um grupo de missionários foi atingido por um bombardeio. Várias crianças tiveram morte instantânea. As demais ficaram muito feridas, entre elas, uma menina de oito anos, em estado grave.

Ela precisava de sangue, urgentemente. Com um teste rápido descobriram seu tipo sangüíneo, mas, infelizmente, ninguém na equipe médica era compatível.
Chamaram os moradores da aldeia e, com a ajuda de uma intérprete, lhes explicaram  o que estava acontecendo. A maioria não podia doar sangue, devido ao seu estado de saúde. Após testar o tipo sangüíneo dos poucos candidatos que restaram, constataram que somente um menino estava em condições de socorrê-la.

Deitaram-no numa cama ao lado da menina e espetaram-lhe uma agulha na veia. Ele se mantinha quietinho e com o olhar fixo no teto, enquanto seu sangue era coletado. Passado alguns momentos, ele deixou escapar um soluço e tapou o rosto com a mão que estava livre. O médico pediu para a intérprete perguntou a ele se estava doendo. Ele disse que não.
 
Mas não demorou muito, soluçou de novo e lágrimas correram por seu rostinho.

O médico ficou preocupado e pediu para a intérprete lhe perguntar o que estava acontecendo. A enfermeira conversou suavemente com ele e explicou para o médico porque ele estava chorando:
- Ele pensou que ia morrer. Não tinha entendido direito o que você disse e estava achando que ia ter que doar todo o seu sangue para a menina não morrer. 
O médico se aproximou dele e com a ajuda da intérprete perguntou: 
- Mas se era assim, porque então você se ofereceu para doar seu sangue?
 
- Porque ela é minha amiga. 


Ninguém tem maior amor do que este,
de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.

João 15.13

sexta-feira, 22 de abril de 2011

BREVE SERMÃO - Pr: USLEI FABIANO. CEVASTES OS VOSSOS CORAÇÕES NO DIA DA MATANÇA.

TODO O DINHEIRO DEVERIA SER INVESTIDO NA EVANGELIZAÇÃO DOS POVOS, 
  Pr: USLEI FABIANO.
MALDITO FEUDALISMO EVANGÉLICO.
  • A ASSISTÊNCIA SOCIAL É DOAÇÃO
  • AS CONSTRUÇÕES DOS TEMPLOS SÃO DOAÇÕES.
  • AS ESCOLAS DOUTRINÁRIAS SÃO PAGAS.
  • OS OBREIROS OFERECEM SEUS SERVIÇOS DE GRAÇA, MAS PAGAM SEUS CURSOS PARA SERVIREM MELHOR.
  • OS INSTRUMENTOS USADOS NAS LITURGIAS SÃO DOAÇÕES 
  • CURSOS PREPARATÓRIO SÃO PAGOS.
  • ALGUNS PASTORES NÃO TEM SALÁRIO.
  • TUDO ISSO LIVRE DE  IMPOSTOS ICMS, PIS, CONFINS, INSS.
       VERGONHOSAMENTE TEMOS NO MEIO CRISTÃO DOIS PESOS E DUAS MEDIAS N
  • PARA OS GRANDES "O OBREIRO E DIGNO DO SEU SALÁRIO." 
  • PARA OS PEQUENOS DE GRAÇAS RECEBESTES DE GRAÇAS DAI."
          1 TIMÓTEO 5. 18
       17 Os anciãos que governam bem sejam tidos por dignos de duplicada honra, especialmente os que labutam na pregação e no ensino.
18 Porque diz a Escritura: Não atarás a boca ao boi quando debulha. E: Digno é o trabalhador do seu salário.

               NÃO DIGO ISTO DAQUELES QUE ESTÃO COMEÇANDO, MAS DIGO A ESTES QUE   COMECEM DIRETO.
               PORQUE SE OS MEMBROS SÃO CHAMADOS PARA OBEDECEREM A BÍBLIA  VOCES TAMBÉM DEVEM SER OS PRIMEIROS OBEDECE-LA.


           TODO O DINHEIRO "DÍZIMOS E OFERTAS" DEVERIA SER INVESTIDO NA EVANGELIZAÇÃO DOS POVOS, 
             1 PEDRO 2.11,12

      11 Amados, exorto-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências da carne, as quais combatem contra a alma;
      12 tendo o vosso procedimento correto entre os gentios, para que naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, observando as vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação.


         AQUELES QUE ENTENDEM QUE NÃO SÃO DESTE MUNDO,
         NÃO DESEJARAM QUE OS OUTRO FIQUEM PARA O DIA DO JUÍZO.
             
             2PE 3-
            
        9 O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se.10 Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas.
        11 Ora, uma vez que todas estas coisas hão de ser assim dissolvidas, que pessoas não deveis ser em santidade e piedade,
        12 aguardando, e desejando ardentemente a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se dissolverão, e os elementos, ardendo, se fundirão?
        13 Nós, porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça.
        14 Pelo que, amados, como estais aguardando estas coisas, procurai diligentemente que por ele sejais achados imaculados e irrepreensível em paz;

        FRASE DE: HERNANDES DIAS LOPES.
        ELES ARRECADAM PARA EVANGELIZAR OU EVANGELIZAM PARA ARRECADAR. 
        ATOS 2 -
        41 De sorte que foram batizados os que receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas;
        42 E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.
        43 Em cada alma havia temor, e muitos prodígios e sinais eram feitos pelos apóstolos.
        44 Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum.
        45 E vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um.
        46 E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração,
        47 louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos.                                         
        CONDENAÇÃO DOS RICOS OPRESSORES.1
        TIAGO 5-
        1 Eia agora, vós ricos, chorai e pranteai, por causa das desgraças que vos sobrevirão.
        2 As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão roídas pela traça.
        3 O vosso ouro e a vossa prata estão enferrujados; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e devorará as vossas carnes como fogo. Entesourastes para os últimos dias.
        4 Eis que o salário que fraudulentamente retivestes aos trabalhadores que ceifaram os vossos campos clama, e os clamores dos ceifeiros têm chegado aos ouvidos do Senhor dos exércitos.
        5 Deliciosamente vivestes sobre a terra, e vos deleitastes; cevastes os vossos corações no dia da matança.
        6 Condenastes e matastes o justo; ele não vos resiste.



        PARA AQUELES QUE NÃO MERECEM DESCONSIDEREM TUDO ISSO.
        QUE A GRAÇA E A PAZ DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO ESTEJA COM VOCÊS, AMÉM!

        quinta-feira, 21 de abril de 2011

        APOSTILA - HOMILÉTICA




        AULA 01
        INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HOMILÉTICA
        HOMILÉTICA:  É a ciência que estuda os princípios fundamentais do discurso em público, aplicados na
        proclamação do evangelho. Este termo surgiu durante o Iluminismo, entre os séculos XVII e XVIII,
        quando as principais doutrinas teológicas receberam nomes gregos, como, por exemplo, dogmática ,
        apologética e hermenêutica.
        As disciplinas que mais se aproximam da homilética  são a hermenêutica e exegese que se
        complementam.
        HOMILETIKE – (Grego) ensino em tom familiar
        HOMILIA – (do verbo homileo ) Pregação cristã, nos lares em forma de conversa.
        PREGAÇÃO  Ato de pregar a palavra de Deus.
        Pregação é o ato de pregar a palavra de Deus. Pregador (aquele que prega), vem do latim, “prae” e
        “dicare” anunciar, publicar. Apalavra grega correspondente a pregador é “Keryx”, arauto, isto é, aquele
        que tem uma mensagem (Kerygma) do reino de Deus, uma boa notícia, uma boa-nova – evangelho,
        “evangelion”.
        DEUS, A PALAVRA E O MINISTRO
        DEUS
                                Pregador                                Ouvinte/comunidade
        O pregador dirigi-se a Deus e transmite ao ouvinte a mensagem levando-o a Deus.
        Baseando-se em três passagens da vida de Pedro o pregador deve ser:
        1 – Aquele que esteve com Jesus  -  Atos 4:13
        2 – Aquele que fala como  Jesus – Mateus 26:73
        3 – Aquele que fala de Jesus – Atos 40:10
         A proclamação do evangelho é trazer as Boas Novas da Salvação. Apresentar ao público Jesus
        Cristo, seus ensinamentos e seu propósito, para isso, é preciso que o mensageiro tenha uma identificação
        completa com Cristo. Conhecer a Cristo de forma especial é além de ser convertido Ter certeza de uma
        chamada (missão) específica para o ministério da palavra o que só é possível a aquele que “esteve com
        Jesus”.
        CARACTERÍSTICAS DE UM PREGADOR
        SOB O PONTO DE VISTA ESPIRITUAL SOB O PONTO DE VISTA TÉCNICO
        Chamado para obra (ordenança) Mt 28:19 Dom da palavra  Rm 12: 6,7.8
        Conhecer Deus Atos 4:13 Conhecimento da palavra II Tm 2:15
        Ter uma mensagem  Atos 5:20 Manejo da palavra II Tm 2:15
        Unção 2 Reis 2.9 Guardar a palavra no coração Sl 119
        Autoridade/ousadia Mc 1:21 Instrumento  II Tm 2:15
        A palavra de Deus afirma que a fé vem pela pregação da palavra e a pregação pela palavra de
        Cristo”. Rm 10:17. Entretanto, a falta de preparo adequado do pregador, falta de unidade corporal no
        sermão, falta de vivência real do pregador na fé cristã, falta de aplicação prática às necessidades
        existentes na igreja, falta de equilíbrio na seleção de textos bíblicos e a falta de um bom planejamento
        ministerial trazem dificuldades na proclamação da palavra. ÉTICA NO PÚLPITO
        “A primeira impressão é a que fica”;
        “Em meio ao desenvolvimento da reunião, atravessa todo o corredor principal, aquele que será o
        preletor do encontro. Toda atenção está voltada para ele, que observado é dos pés a cabeça.”
        Seu comportamento, imagem e exemplo é atributo influente na transmissão da mensagem como
        um todo. Devemos considerar que, quando existe uma indisposição do ouvinte para com o mensageiro,
        maior será sua resistência ao conteúdo da mensagem.
        Não existe uma forma correta de se apresentar. Esteja de acordo com o local e a ocasião,
        sobretudo as mulheres. Nos homens o uso do “terno e gravata” é adequado a quase todos os locais e
        ocasiões.
        Como são os membros da igreja que visita? Quais são as características da denominação? Qual é o
        horário de início e término do culto? Em que bairro se localiza?
        Observe com atenção estes aspectos errados que devem ser considerados pelo pregador:
        Fazer uma Segunda e auto-apresentação;
        Manter a mão no bolso ou na cintura o tempo todo;
        Molhar o dedo na língua para virar as páginas da bíblia;
        Limpar as narinas, cocar-se, exibir lenços sujos, arrumar o cabelo ou a roupa;
        Usar roupas extravagantes;
        Apertar a mão de todos. (basta um leve aceno)
        Fazer gestos impróprios;
        Usar esboços de outros pregadores, principalmente sem fonte;
        Contar gracejos, anedotas ou usar vocabulário vulgar.
        Não fazer a leitura do texto ( Leitura deve ser de pé)
        Evitar desculpas, você começa derrotado ( não confundir com humildade);
        Chegar atrasado;
         O pregador não precisa aparecer.
        Quando convidado para pregar em outras igrejas, o pregador deve considerar as normas
        doutrinárias, litúrgicas e teológicas da igreja em questão.
        1 – Evite abordar questões teológicas muito complexas;
        2 – Não peça que a congregação faça algo que não esteja de acordo com os preceitos;
        3 – Procure estar dentro dos padrões da denominação;
        4 – Procure dar conotações evangelísticas a mensagem;
        5 – Respeite o horário ( mesmo que seja pouco tempo );
        6 – Converse sempre com o Pastor antes do início do culto.
        Obs.A) Caso não concorde com alguns aspectos, não aceite o convite.
                B) Doutrina e mudanças cabem ao pastor da igreja
                C) Se acredita Ter recebido uma mensagem de Deus dentro desses aspectos: Fale com o Pastor.  AULA 02
        ESTRUTURA DO SERMÃO
         Qualquer explicação requer organização, ordenação, lógica e clareza. Sendo o sermão uma
        explicação da palavra e vontade de Deus esse deve ser didático. A prática de pregações através dos
        tempos levou o estudiosos do assunto a relacionarem alguns elementos básicos que devem estar presentes
        nos sermões, dando a eles uma estrutura que facilita o desenvolvimento da mensagem. Esses elementos,
        Alvo,  texto, tema, introdução, corpo, conclusão e  apelo compõem o que chamamos de  estrutura do
        sermão são imprescindíveis pois norteiam a linha de pensamento do pregador direcionando o ouvinte
        para o conteúdo da mensagem.
        ALVO OU OBJETIVO –  Neste momento do sermão, o objetivo ou assunto , o  pregador deverá ser
        inspirado por Deus. É exatamente
        estruturá-la para levar a igreja.     Se você não tem nada para falar, não fale nada.  Se o Espírito Santo lhe
        der algo a falar, fale, mas fale direito.
        TEXTO BÍBLICO –   O assunto do sermão deverá ser baseado em um texto bíblico.
        TEMA –   Para que o ouvinte possa Ter uma idéia do que você tem a falar é imprescindível o emprego de
        um tema. O ouvinte realmente estará adentrando no seu sermão.
        INTRODUÇÃO –    Começar bem é provocar interesse e despertar atenção. Aproximar o ouvinte do
        sermão e dar a ele uma noção ou explicação do que vai ser falado.
        CORPO -    Essa é a principal parte. Onde deverá está o conteúdo de toda mensagem, ordenado de forma
        lógica e precisa.
         Neste ponto também deverão ser abordadas algumas aplicações utilizadas durante o sermão como,
        ILUSTRAÇÕES, FIGURAS DE LINGUAGEM, MATERIAL DE PREPARAÇÃO.
        CONCLUSÃO –    “Uma conclusão desanimada, deixará os ouvintes desanimados”. Baseados no
        objetivo específico do sermão a conclusão é uma síntese do mesmo e deve ser uma aplicação final à vida
        do ouvinte.
        APELO –    Um esforço feito para alcançar a consciência, o coração e a vontade do ouvinte. São os frutos
        do sermão.
        OBJETIVO, ALVO E ASSUNTO
        O objetivo da homilética, de uma forma geral, é a conversão, a comunhão, a motivação e a
        santificação para vida cristã.
         O assunto de uma mensagem é algo particular entre o pregador e Deus.
        Para ter assunto é preciso viver em comunhão e oração para que o Espírito Santo possa falar em
        seu coração.
         A grande questão é: como Deus fala conosco? A forma de Deus falar é individual e peculiar.
         Algumas pessoas acreditam que Deus fala somente de forma sobrenatural. Entretanto, Deus pode
        falar com você de todas as formas possíveis, fique atento, inclusive aquelas que você menos imagina. No
        ônibus, em casa, no trabalho, no banho, lendo a bíblia, olhando a paisagem, ouvindo uma mensagem,
        conversando, pensando, através de pessoas ou coisas, em sonho, em revelação, no meio de uma crise,
        ouvindo  testemunhos, através de crianças, ouvindo uma música, em seu lazer, em um acidente, uma lição
        de vida, viajando, etc.
         
        O QUE FALAR QUANDO CONVIDADO PARA PREGAR EM : * CONGRESSOS E CONFRATERNIZAÇÕES
         Neste caso os assuntos são apresentados pelos organizadores do evento. Para o pregador, o desafio
        está em desenvolvê-lo. Tenha intimidade com Deus para transmitir exatamente o que Ele quer falar.
        Embora exista um tema, normalmente, este é geral, podendo o pregador ser mais específico.
        Exemplo: TEMA DO CONGRESSO: “A videira verdadeira” João 15: 1 a 8
        Você pode falar sobre: “Como o cristão pode Ter uma vida frutífera”  , “Por que o cristão deve Ter uma
        vida frutífera?”  ou até mesmo , “Os frutos da videira na vida do cristão”,  utilizando outros textos  e
        inserindo um subtema.
        * DATAS COMEMORATIVAS/ CULTOS ESPECIAIS
         Situações onde o assunto é uma explicação do momento. São cultos realizados em virtude de
        acontecimentos específicos na igreja local.
        Dentre os cultos especiais podemos destacar:
        • Casamento
        • Natal
        • Aniversariantes
        • Dízimos
        • Batismo
        • Consagração
        • Aniversário da Igreja
        • Posse
        • Cultos dos departamentos ( Juventude, irmãs, crianças, etc.)
        • Nascimento e apresentação de bebês
        • Funeral
        • Doutrinário
        • Evangelístico
        Atenção! Conheça e domine os textos bíblicos para explorar estes assuntos mais facilmente.
        “Para pregar, o pregador leigo deve combinar ou casar o assunto do sermão com um texto da palavra de
        Deus”.
        ASSUNTO X  TEMA
         Assunto é o objetivo que você deseja alcançar por inspiração de Deus e o tema é como você vai
        dizer para o público qual é o seu objetivo.
        AULA 03
        TEXTO BÍBLICO
        O texto bíblico é a passagem bíblica que serve de base para o sermão.
         Esse texto deverá fornecer a idéia ou verdade central do sermão. Nunca se deve tomar um texto
        somente por pretexto, e logo se esquecer dele.
        Segundo Jerry Stanley Key, existem algumas vantagens no uso de um texto bíblico:
        1 - O texto dá ao sermão a autoridade da palavra de Deus.
        2 - O texto constitui a base e alma do sermão;
        3 - Através da pregação por texto o pregador ensina a palavra de Deus;
        4 - O uso do texto ajuda os ouvintes a reter a idéia principal do sermão; 5 - O texto limita e unifica o sermão;
        6 - Permite uma maior variedade nas mensagens;
        7 - O texto é um meio para a atuação do Espírito Santo.
        EXEGESE
        Exegese é o trabalho de exposição de um texto bíblico.
        DEZ PASSOS PARA UMA BOA EXEGESE
        1 - Leia o texto em voz alta, comparando com versões diferentes para maior compreensão.
        2 - Reproduza o texto com suas próprias palavras. (Fale sozinho)
        3 - Observe o texto imediato e remoto.
        4 - Verifique a linguagem do texto ( história, milagre, ensino, parábola, profecia,  etc.)
        5 - Pesquise o significado exato das principais palavras;
        6 - Faça anotações;
        7 - Pesquise o contexto ( época, país, costumes, tradição, etc.)
        8 - Pergunte sempre onde? Quem? O que? Por que?
        9 - Organize o texto em seções principal e secundárias;
        10 - Resuma com a seguinte frase: “O assunto mais importante deste texto é...”
        TEMA
         O tema do sermão contém a idéia principal e o objetivo da mensagem. Deve ser estimulante e
        despertar o interesse, a curiosidade e a atenção do ouvinte. Deve ser claro, simples e preciso bem como,
        oportuno e obedecer o texto.
        Para se desenvolver um bom tema o pregador precisa  Ter criatividade, hábito de leitura, visão
        global do sermão e ser sintético.
        TIPOS DE TEMAS:
         
        Interrogativo: Uma pergunta, que deve ser respondida no sermão.
        Ex.: Onde estás?  Que farei de Jesus?  Tenho uma arma o que fazer com ela?
        Lógico: Explicativo.
        Ex.: O que o homem semear, ceifará;  Quem encontra Jesus volta por outro caminho.
        Imperativos: Mandamento, uma ordem; Caracteriza-se pelo verbo no modo imperativo.
        Ex.: Enchei-vos do espírito;  Não seja incrédulo;  Não adores a um Deus morto.
        Enfáticos; Realçar um aspecto específico;
        Ex.: Só Jesus salva;  Dois tipos de cristãos;  
        Geral: Abrangente, aborda um assunto de forma geral sem especificá-lo.
        Ex.: Amor; fé, esperança AULA 04
        ILUSTRAÇÕES
        São recursos usados para o enriquecimento, e o esclarecimento de uma mensagem, quando
        devidamente aplicada.
         O senhor Jesus sempre tinha uma boa história para iluminar as verdades que ensinava ao povo.
         O significado do termo  ilustrar é tornar claro, iluminar, esclarecer mediante um exemplo,
        ajudando o ouvinte a compreender a mensagem proclamada. O bom uso da ilustração desperta o interesse,
        enriquece, convence, comove, desafia e estimula o ouvinte, valoriza e vivifica a mensagem, além de
        relaxar o pregador.
         A ilustração não substitui o texto bíblico apenas  tem uma função psicológica e didática, para
        tornar mais claro aquilo que o texto revela.
         As ilustrações devem ser simples, está correlacionadas com a mensagem, devem fornecer fatos de
        interesses humanos e devem Ter um ponto alto ou clímax
        Obs.: OS EXEMPLOS BÍBLICOS SÃO AS MELHORES ILUSTRAÇÕES.
        As ilustrações podem ser:
        HISTÓRICA E CONTEXTUAL:   Quando se aplica um conhecimento histórico ou explicação do
        contexto em que o texto está inserido. Exemplos:
        a) Fundo da agulha – Porta estreita na cidade de Jerusalém onde, os mercadores tinham dificuldades de
        passar com os camelos.   Mateus 19:24.
        CONHECIMENTO INTELECTUAL:  Envolve o conhecimento científico, psicológico, técnico e cultural.
        Exemplos:
        Técnico científico – A antena da TV recebe todas as frequências ao mesmo tempo entretanto, quando
        escolhemos um canal, através da sintonia, estamos selecionando uma determinada frequência.
        METAFÓRICA OU ALEGÓRICA: Quando são empregadas figuras metafóricas como histórias e estórias.
        Exemplos
        • Ao se aproximar da cidade do Rio de Janeiro um indivíduo reparou que o cristo redentor não era tão
        grande como pensava, parecia até mesmo ser menor do que seu dedo. No centro da cidade observou
        que estátua teria aumentado e já estava praticamente do seu tamanho, resolveu então ir até o
        monumento. No pé do corcovado ficou admirado com as proporções maiores do símbolo da cidade.
        Chegando então aos pés do cristo redentor ele pode perceber , como lhe disseram, que  aquele era bem
        maior do que ele.
        EXPERIÊNCIA PESSOAL: Testemunhos. Exemplos
        • Neste tipo de ilustração o pregador relata fatos verídicos que demonstram a atuação de Deus, através
        de milagres, em sua vida ou de outras pessoas. Todos as respostas que Deus atendeu realizando curas,
        transformações, salvação, livramentos, libertação, etc.
        Use no máximo duas ilustrações por sermão. Toda ilustração deve Ter uma aplicação e devem ser
        comentadas com simplicidade e naturalidade. INTRODUÇÃO DO SERMÃO
        Começar é difícil. Muitos escritores escrevem a introdução quando terminam o livro.
        Alguém disse: “O pregador começou por fazer um alicerce para um arranha-céu, mas acabou
        construindo apenas um galinheiro”.
        A introdução é tão importante quanto a decolagem de um avião que, deve ser bem perfeita para
        um vôo estabilizado. Ela, por certo,  deve envolver o ouvinte, despertar o interesse e curiosidade e,
        também,  ser um meio de conduzir os ouvintes ao assunto que está sendo tratado no sermão. Uma boa
        introdução dá ao pregador segurança, tranquilidade, firmeza e liberdade na pregação.
        Tipos de introdução: Você pode usar um destes tipos para iniciar um sermão:
        1 – ILUSTRATIVA – Uso de uma ilustração na introdução.
        Imagine que o assunto que será abordado seja complexo e abstrato. Então, comece com  uma ilustração
        que explique e esclareça o que pretende dizer.
        2 – DEFINIÇÃO – Explicação detalha de um determinado conceito.
        Explique para o ouvinte o que tem a dizer. Dê a ele conceitos significados de símbolos, termos e
        assuntos que ele provavelmente não conheça.
         Em um sermão onde o assunto é a PAZ, o pregador explicou, na introdução, o que é a paz, seus
        significados  no velho e novo testamento, evolução lingüística do termo paz e a aplicação termo hoje.
        3 – DIVISÃO – Quando se fala de características opostas. Mostre os dois lados da moeda.
         Lendo o texto de  Romanos 8: 1 a 17 é possível observar como Paulo trata de dois assuntos
        opostos, vida através do espírito e vida através da carne.
        A introdução por divisão é aquela em que se fala ou compara assuntos como, “paz e guerra”,
        “amor e ódio”, “salvação e perdição” , “vida cristã e vida mundana”, etc.
        4 – CONVITE – Convidar o ouvinte para participar e agir. Leve o ouvinte à ação.
        Use os verbos no imperativo.
         Analisando o texto de  Isaías 55  podemos observar que há um predomínio de verbos (vinde,
        inclinai, vede, buscai, deixe, invocai etc )  no IMPERATIVO, que caracterizam um convite e ao mesmo
        tempo uma ordem. Dessa forma o ouvinte está sendo estimulado a agir, fazer ou participar.
        5 – INTERROGAÇÃO – Uma pergunta (deverá ser respondida no corpo do sermão).
         Para sermões onde o tema é uma pergunta é interessante que esta seja bem explorada na
        introdução. Observe que, se estamos falando sobre morte ou salvação cabe aqui uma pergunta como “Para
        onde iremos nós?”, que deve levar o ouvinte a uma reflexão profunda, e para reforçar pode-se usar o texto
        de Lucas 12:20  “Mas Deus lhe disse: Insensato, esta noite te [pedirão] a tua alma; e o que tens preparado,
        para quem será?”
         As perguntas da introdução devem ser respondidas no corpo do sermão.
        6 – SUSPENSE – A mensagem principal está oculta e será esclarecida no corpo do sermão.
        7 – ALUSÃO HISTÓRICA – Explicar o contexto histórico.
         Explique o contexto do texto em que será aplicada a mensagem ( época, país, costumes, tradição,
        etc.). Observe o texto de João 4: 1 a 19. Caso sua mensagem esteja baseada neste texto, introduza com
        uma  explicação detalhada das relações entre os Judeus e os Samaritanos, as relações entre os homens e as
        mulheres, a lei acerca do casamento, a origem do poço de Jacó, etc.
        CARACTERÍSTICAS DA INTRODUÇÃO
         Uma introdução bem estruturada, deve apresentar algumas características como, clareza e
        simplicidade, deve ser um elo de ligação com o corpo do sermão e uma ordenação de pensamentos de
        forma lógica e sistematizada e, não deve prometer mais do que se pode dar.  É preciso estar atento para o
        tempo de duração da introdução que, deve ser breve  e proporcional ao sermão. Evitar desculpas que
        possam trazer uma má impressão. AULA 05
        CORPO DO SERMÃO
         Esta deve ser  a principal parte do sermão. Aqui o pregador irá expor idéias e pensamentos que
        deseja passar para os ouvintes. As divisões devem ser desenvolvidas de acordo com a realidade de hoje.
        Depois de Ter estudado e de fazer uma boa exegese do texto que será usado no sermão deve-se ensinar e
        aplicar os propósitos de acordo com os nossos dias.
         As divisões devem Ter significados para os ouvintes e, não devem se desviar da mensagem
        principal que é a coluna do sermão, o objetivo será finalizado e apresentado na conclusão.
         É necessário ser vocacionado para o Dom da palavra, mas podemos aprender algumas técnicas que
        podem ajudar ao pregador no preparo do sermão.
        COMO TIRAR PONTOS DO TEXTO
        1 – Leia todo o texto. Ex.: Atos 2: 37 a 47
        2 – Procure a idéia principal do texto. (Observe o subtema, o contexto, e a situação)
        3 – Procure os principais verbos e seus complementos
        4 – Com base nos verbos retirados crie frases (divisões) que os complemente e que, passem uma idéia ou
        estejam ligadas com a mensagem a ser pregada.
        5 – Organize as frases dentro da idéia principal.
        • Faça o mesmo para Salmos 1:1 e 2 e desenvolva divisões para o  seguinte sermão
         “As quatro maneiras de ser bem-aventurado”.
        CARACTERÍSTICAS DO CORPO DO SERMÃO
         As divisões retiradas do texto devem se apresentar de forma ordenada no sermão para que não
        haja uma confusão de idéias. O ouvinte precisa acompanhar o seu desenvolvimento . “Cada divisão,
        subdivisão, e até ilustrações e explicação, tem que apontar na direção do alvo e em ordem de interesse”.
        Cada ponto deve discutir um aspecto diferente para que não haja repetição.
         As frases devem ser breves e claras. As divisões servem para indicar a linha de pensamento a
        serem seguidas ao apresentar o sermão. Entretanto, deve-se fazer uma discussão que é o descobrimento
        das idéias contidas nas divisões.
        TIPOS DE SERMÕES
           Tradicionalmente encontramos, praticamente em todos as obras homiléticas, três tipos
        básicos de sermões:
        SERMÃO TEMÁTICO: Cujos argumentos (divisões) resultam do tema independente do texto;
        SERMÃO TEXTUAL: Cujos argumentos (divisões) são tiradas diretamente do texto bíblico;
        SERMÃO EXPOSITIVO: Cujos argumentos giram em torno da exposição exegética completa do texto.
        SERMÃO TEMÁTICO
         É aquele em que toda a argumentação está amarrada em um tema, divide-se o tema e não o texto,
        o que permite a utilização de vários textos bíblicos.
        Observe o exemplo:     Tema: “A PAZ QUE SÓ JESUS PODE DAR...”
        1 – ...ilumina nosso caminho Lucas 1:79
        2 – ...liberta a nossa mente de pensamento perturbador João 14:27
        3 – ...retira sentimento de medo João 20:19 e 20
        4 – ...salva João 3:16 Repare que cada tópico (divisão)  apresenta uma característica da “Paz” proposta pelo tema, mas,
        para cada ponto há um texto diferente, ou seja, a base do sermão é a “Paz de Jesus” que é abordada em
        diversos textos bíblicos.
         É  necessário aplicar um texto bíblico em cada divisão do tema para não atrair muito a atenção
        para o pregador em detrimento da palavra de Deus. Deve-se evitar divagações e generalizações vazias e
        inexpressivas.
         O sermão temático exige do pregador mais cultura geral e teológica, criatividade, estilo apurado,
        contudo, o sermão temático conserva melhor a unidade.
        COMO RETIRAR IDÉIAS E ARGUMENTOS (DIVISÕES) DO TEMA
        • Escolher o tema – (Criar frases, retirar de textos bíblicos ou de outras fontes);
        • Analisar o tema – (repetir e refletir várias vezes);
        • Pergunte-se, o que deve falar sobre o tema;
        • Extrair a principal palavra ou frase do tema – (Ela pode se repetir nos argumentos);
        • Separe no mínimo 3 argumentos ligados ao tema;
        • Pesquisar passagens bíblicas que se refiram aos argumentos.;
        • As divisões são explicação ou respostas do tema.
        ATIVIDADES
        1 – Crie três argumentos (divisões) que expliquem o seguinte tema:
        Tema: “Quem ama a Deus é correspondido”.
        1 - ___________________________________________________  Textos: I Cor 8:3    I João 4:20.1
        2 - ___________________________________________________               Rom 8:39  I João 4:9  
        3 - ___________________________________________________               João 3:16
        SERMÃO TEXTUAL
         É aquele em que toda a argumentação está amarrada  no texto principal que, será dividido em
        tópicos. No sermão textual as idéias são retiradas de um texto escolhido pelo pregador.
        Como já estudamos anteriormente, aqui estão algumas dicas para tirar pontos do texto.
         As divisões do sermão textual podem ser feitas de acordo com as declarações originais do texto.
        Ou se utilizar de uma análise mais apurada baseando-se em perguntas como: Onde? Que? Quem? Por
        que? Que deverão ser respondidas pelas declarações  ou frases do texto. E ainda pode-se dividir por
        inferência, as orações textuais são reduzidas a expressões sintéticas que encerra o conteúdo.
        COMO TIRAR PONTOS DO TEXTO
        1 – Leia todo o texto.  
        2 – Procure a idéia principal do texto. (Observe o subtema, o contexto, e a situação)
        3 – Procure os principais verbos e seus complementos. Lembre-se verbo é ação.
        4 – Procure os sentidos expressos nas representações simbólicas, metáforas  e figuras.
        4 – Com base nos verbos e significados retirados crie frases (divisões) que os complemente e que, passem
        uma idéia ou estejam ligadas com a mensagem a ser pregada.
        5 – Organize as frases dentro da idéia principal.– Leia todo o texto. Ex.:  
        Observe o exemplo:     Texto: Salmo 40:1-4
                                              Tema: Nem antes, nem depois, no tempo de Deus.
        Introdução: (Definição) Esperança significa expectação em receber um bem. O mundo é imediatista.
        Corpo: O que acontece quando você espera no senhor? 1 – Ele te retira da condição atual.  ( Qual é o seu lago terrível? )
        2 – Ele te coloca em segurança, na rocha. ( Te dá visão para solucionar o problema )
        3 – Ele requer a sua adoração, um novo cântico. ( Adorar em Espírito e verdade )
        4 – Ele te faz testemunha, muitos o verão. ( serme-eis testemunha )
        Repare que cada tópico (divisão)  apresenta um termo ou uma passagem do texto. De tal forma
        que o texto pode ser bem explorado pelo preletor.
        Deve-se evitar divagações e generalizações vazias e inexpressivas.
         O sermão textual exige do pregador conhecimento do texto, contexto e cultura bíblica.
        ATIVIDADES:
        1 – Crie três argumentos (divisões) para o seguinte sermão textual:
        Texto: Tiago 3: 17
        Tema: A sabedoria que vem Deus.
        Introdução: ( Divisão ) Sabedoria terrena.
        Corpo: A sabedoria que vem do alto é:
        1 – _________________________________________________________________
        2 – _________________________________________________________________
        3 – _________________________________________________________________
        AULA 06
        O SERMÃO EXPOSITIVO
         É aquele que explora os argumentos principais da exegese, hermenêutica e faz uma exposição
        completa de um trecho mais ou menos extenso. O sermão expositivo é uma aula, uma análise
        pormenorizada e lógica do texto sagrado. Este tipo  do sermão requer do pregador cultura teológica e
        poder espiritual.
         O sermão expositivo é o método mais difícil, apreciado pelos que se dedicam à leitura e ao estudo
        diário e contínuo da bíblia, deve ser feito uma análise de línguas, interpretação, pesquisa arqueológica, e
        histórica, bem como, comparação de textos.
         
        CARACTERÍSTICAS DO SERMÃO EXPOSITIVO
        • Planejamento
        • Poder abordar um grande texto ou uma passagem curta;
        • Interpretação mais fiel;
        • Análise profunda do texto;
        • Unidade, idéias subsidiárias devem ser agrupadas com base em uma idéia principal;
        • Não é suficiente apresentar só tópicos ou divisões;
        • Tempo de estudo dos pontos difíceis;
        • Pode ser abordado em série.
        É muito comum o uso do sermão expositivo em pregações seriadas como conferências e estudo bíblico. CONCLUSÃO
        É o clímax da aplicação do sermão
         “Para terminar!” ,    “Concluindo”,      “Só para encerrar”,  “Já estamos terminando”.
         Você já ouviu estas frases? Muitas pessoas não sabem terminar uma conversa, ficam dando voltas
        ou se envolvem em outros assuntos, sem ao menos perceber que o tempo está passando e o ouvinte já está
        angustiado com a demora.
        Assim, muitos pregadores não sabem ou não conseguem concluir um sermão. Isso acontece por
        que estes não preparam um esboço e suas idéias estão desordenadas, logo, não conseguem encontrar uma
        linha condutora da conclusão do sermão.
        COMO DEVE SER A CONCLUSÃO ?
        1 – Apontar o objetivo específico da mensagem;
        2 – Clara e específica;
        3 – Resumo do sermão (o sermão em poucas palavras)
        4 – Aplicação direta a vida dos ouvintes;
        5 – Pequena;
        6 – Faça um desfecho inesperado.
         Logo, uma boa conclusão deve proporcionar aos ouvintes satisfação, no sentido de haver
        esclarecido completamente  o objetivo da mensagem. É preciso Ter um ponto final para que o pregador
        não fique perdido.
        OBS.: NÃO DEVE PREGAR UM SEGUNDO SERMÃO
        APELO
         Um esforço feito para alcançar o coração, a consciência e a vontade do ouvinte.
         Apelo não é apelação.
        Dois tipos de apelos:
        • CONVERSÃO/RECONCILIAÇÀO – Aos ímpios e aos desviados.
        • RESTAURAÇÃO – A igreja
        COMO DEVE SER O APELO ?
        1 – Convite
        2 – Impactante e direto
        3 – Não forçado ou prolongado
        4 – Logo após a mensagem.
         No apelo você deve dizer ao ouvinte o que ele deve fazer para confirmar a sua aceitação. Seja
        claro e mostre como ele deve agir.
        • Levantar as mãos;
        • Ir a frente;
        • Ficar em pé;
        • Procurar uma igreja próxima;
        • Conversar com o pastor em momento oportuno.

        quinta-feira, 14 de abril de 2011

        PREGADORES "ATEUS", POVO IDÓLATRA - A. W. PINK

        PALAVRA DO Pr : USLEI FABIANO. 


        ESTAMOS VIVENDO EM UM TEMPO DE PREGADORES PREGUIÇOSOS.
        DE POUCO OU QUASE NADA DE CONTEÚDO BÍBLICO.
        CHEIOS DE REVELAÇÕES, MAS  NÃO AMAM AS ESCRITURAS .
        PARA ELES, DEUS É AQUILO QUE SUAS MENTES CARNAIS CRIAM.
        E PARA VOCÊ, PREGADOR E OUVINTE DO EVANGELHO?
        QUANTO VALE A MENTE DE DEUS,  SEUS PENSAMENTOS E CONSELHOS?
        A RESPOSTA ESTÁ  NO QUANTO VOCÊ ESTUDA, AMA E OBEDECE A PALAVRA DE DEUS.
                    
                     SÓ EXISTE UM LUGAR, PARA CONHECERMOS A DEUS, E SUA VONTADE SOBERANA.

          VEJA: Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão        testemunho de mim; - João 5:39
          Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer. - João 15:15
          Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela constância e pela consolação provenientes das Escrituras, tenhamos esperança. - Romanos 15:4
          Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; - 1 Coríntios 15:3
          e eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer ainda; para que haja neles aquele amor com que me amaste, e também eu neles esteja. - João 17:26

          Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; - Lucas 24:45

          PREGADORES "ATEUS", POVO IDÓLATRA - A. W. PINK

          SINAIS E MARAVILHAS? C. H. SPURGEON

          sábado, 9 de abril de 2011

          USE A ESPADA DO ESPÍRITO. EM BREVE MAIS ESTUDOS VEJA ABAIXO .

            Obrigado por fazer parte deste blog.
           Deseja algum estudo? Tem dificuldade de entender alguns 
          assuntos bíblico?
           Deseja nomes de livros teológicos? Sobre qual assunto?
          Quer aconselhamento em  seu ministério? Entre no orkut (usleif@hotmail.com ) e deixe seu recado. Eu estarei  aceitando e respondendo.
           Em breve estarei postando estudos de homilética,
          hermenêutica e a exegese. 


          "Este blog foi feito pra você." JÁ ESTÁ POSTADO AQUI NO BLOG, O VÍDEO A ESPADA DO ESPÍRITO. 
          JÁ TEM VÍDEOS NO YOUTUBE ENTRE COM. USLEI100


          quinta-feira, 7 de abril de 2011

          ILUSTRAÇÃO PARA SERMÃO: TARTARUGA TAGARELA - ATÉ O TOLO, QUANDO SE CALA, SERÁ REPUTADO POR SÁBIO.

          A TARTARUGA TAGARELA
          Era uma vez uma tartaruga que vivia num lago com dois patos, muito seus amigos.

          Ela adorava a companhia deles e conversava até cansar. A tartaruga gostava muito de falar. Tinha sempre algo a dizer e gostava de se ouvir dizendo qualquer coisa.

          Um dia, uma prolongada estiagem secou o lago e os dois patos resolveram se mudar.
          - Oh, não, não me deixem! Suplicou a tartaruga. - Levem-me com vocês, senão eu morro ! 
          - Mas, como, se você não sabe voar?
          - Levem-me com vocês! Eu quero ir com vocês! implorou a tartaruga.

          Os patos ficaram com tanta pena que, por fim, tiveram uma idéia.
          - Pensamos num jeito que deve dar certo, se você conseguir ficar quieta por um longo tempo. Cada um de nós vai morder uma das pontas de uma vara e você morde no meio. Assim, podemos voar bem alto, levando você conosco. Mas, cuidado, lembre-se de não falar! Se abrir a boca, você estará perdida. 

          E lá se foram eles. O tempo todo a tartaruga queria fazer algum comentário da viagem, mas, lembrava da sua delicada situação. Mas, quando passaram sobre a praça de uma aldeia, as pessoas olharam para cima e, muito espantadas, começaram a caçoar dos três amigos.
          - Olhem que coisa esquisita, dois patos carregando uma tartaruga! (kkkk)
          A tartaruga não agüentou a gozação e resolveu revidar o desaforo, mas, quando abriu o bico para xingar aquelas pessoas, caiu e se arrebentou em vários pedaços.



          Até o tolo, estando calado, é tido por sábio.Provérbios 17.28

          sexta-feira, 1 de abril de 2011

          ( CRISTOLOGIA ). MONOGRAFIA DE CRISTOLOGIA.







          CURSO MODULAR DE BACHAREL EM TEOLOGIA






          SETAD - SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS, SÃO PAULO - SP






          CURSO MODULAR DE BACHAREL EM TEOLOGIA






          MONOGRAFIA   DE   CRISTOLOGIA










          O JESUS HISTÓRICO




          CONCEITO DE “JESUS HISTÓRICO” 3
          A OBJEÇÃO DA IGREJA CRISTÃ AO CHAMADO “JESUS HISTÓRICO” 3


          A PESQUISA EM BUSCA DO JESUS HISTÓRICO E O FRACASSO DELA 5
          A crítica histórica parecia haver destruído a própria fé. 5
          O fracasso foi motivado pela natureza das fontes de pesquisa. 6


          O Cristianismo se baseia no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus. 8


          Os ensinos e as mensagens de Jesus Cristo. 9


          A confusão semântica em torno da expressão “Jesus Histórico”. 10




          A COMPLETA CRISTIFICAÇÃO DE JESUS 10
          CONCEITO DE CRISTIFICAÇÃO. 10


          SER FILHO DO HOMEM: REQUISITO PARA SER CRISTIFICADO. 11


          JESUS DE NAZARÉ PÔDE SER CRISTIFICADO PORQUE TAMBÉM É O FILHO DE DEUS. 11




          O TIPO DE FECUNDAÇÃO QUE FORMOU O CORPO DO SENHOR JESUS CRISTO 12
          GERAÇÃO NATURAL - HUMANA, A NOSSA 12


          GERAÇÃO SOBRENATURAL - DIVINA, A DO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. 13

          B I B L I O G R A F I A 16
          C R I S T O L O G I A




          I. O JESUS HISTÓRICO


          1. CONCEITO DE “JESUS HISTÓRICO”




          No período compreendido entre 1774 a 1778, foi iniciada a procura do Jesus Histórico. Lessing publicou pós morte as anotações de Hermann Samuel Reimarus. Esse estudioso questionava a tradicional forma de apresentar Jesus na Igreja e no Novo Testamento. Para ele Jesus nunca fizera uma reivindicação messiânica, nunca institui qualquer sacramento, nunca predisse a sua morte e nem ressuscitou dentre os mortos. Dizia que Jesus era um engodo. Essa atitude instigou a busca do Jesus “verdadeiro”. A metodologia racionalista foi a predominante como método de pesquisa dessa busca, peculiar a primeira parte do século XIX. A polêmica desses estudos foi um terreno fértil para nascerem obras pró e contra Jesus.
          O interregno entre a Primeira e a Segunda Grande Guerra Mundial foi a ocasião em que a busca do Jesus histórico foi abandonada, em função da falta de interesse pela procura e pelas dúvidas quanto a sua possibilidade. Entretanto, três fatores foram fundamentais para essa desistência: primeiro - a obra de Albert Schweitzer que revelou a idéia de que o Jesus liberal nunca existiu, pois ele foi criado e baseado nos desejos de liberais, não em fatos verídicos; segundo - a partir da obra de William Wrede e dos críticos da forma, houve o  reconhecimento de que os evangelhos não eram meramente biografias objetivas que facilmente poderiam ser pesquisadas à procura de informações historicistas; por fim - Martin Kähler influenciou os estudiosos a reconhecerem que o objeto da fé da igreja no decurso de todos os séculos nunca tinha sido o Jesus histórico do liberalismo teológico, mas o cristo da fé, ou seja, o Cristo sobrenatural proclamado nas Sagradas Letras.
          Ernst käsemann, em 1953, reacendeu as chamas da busca do Jesus da história, propalando seu receio de que a lacuna entre o Jesus da história e o Cristo da fé era muito semelhante à heresia docética, que negava a humanidade do Filho de Deus. Como era de se esperar Käsemann decepcionou-se em seus intentos.
          O avanço da ciência histórica não tem modificado a opinião universal a cerca do Senhor Jesus. Prova disso é que, desde o mundo antigo à contemporaneidade, encontramos mesmo que em forma diversificada a historicidade da pessoa bendita de Jesus de Nazaré.


          2. A OBJEÇÃO DA IGREJA CRISTÃ AO CHAMADO “JESUS HISTÓRICO”

          A igreja cristã ri do fascínio dos liberais pela busca do que eles chamam de “Jesus Histórico”. Isso se justifica pelo fato de que o Cristianismo é o que é, através da afirmação de que o homem Jesus de Nazaré, que foi chamado “o Cristo”, é de fato o Cristo, a saber, o Messias, o Ungido. Toda vez que é sustentada a asserção de que Jesus é o Cristo, ali existe a mensagem cristã; onde quer que essa asserção seja negada, é negada igualmente a mensagem cristã.
          A religião cristã nasceu não quando nasceu o homem chamado “Jesus”, mas sim, no momento que um de seus seguidores foi levado a dizer-lhe: “Tu é o Cristo”. E o Cristianismo ficará vivo enquanto existirem pessoas que repitam essa afirmação. Isso porque o evento sobre o qual o Cristianismo se baseia apresenta dois lados: o fato que é chamado “Jesus de Nazaré” e a recepção deste fato por aqueles que O receberam como o Cristo. Interessante que no momento que os discípulos O aceitam como o Cristo é também o momento que Ele é rejeitado pelos poderes da história. Então, Aquele que é o Cristo deve morrer por haver aceito o título de “Cristo.
          Jesus como o Cristo é tanto um fato histórico quanto um objeto de recepção pela fé. Não se pode afirmar a verdade sobre o evento no qual se baseia o Cristianismo sem afirmar ambos esses lados. Se Jesus não tivesse impactado os seus discípulos com o fato de ser o Cristo, e eles tivessem crido, bem como através deles a todas as gerações posteriores, o homem que é chamado Jesus de Nazaré talvez fosse recordado apenas como uma pessoa histórica e religiosamente importante. Mas se ele foi crido e provou de fato ser o Cristo.
          Nesse sentido, quem é o “Jesus Histórico”? Russel Norman Champlin responde tal questionamento em sua obra Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Para ele o Jesus histórico é igualmente o Jesus a quem adoramos e servimos. É o Jesus teológico naturalmente, podemos ter algumas noções falsas a cerca d’Ele, mas há tal identificação de pessoa. Jesus é uma figura cósmica, dotada de importância universal. Não foi meramente um homem bom, um excelente mestre. Ele é também o Senhor da Glória, no sentido mais literal possível.
          James Moffatt, em sua obra Jesus Christ The Same assevera:
          “Nada é mais provável do que aquele que viveu à face da Terra, por alguns poucos anos, seja o mesmo Cristo, a quem seus seguidores adoram como Senhor; nenhum novo Jesus foi criado por algum movimento sincretista do primeiro século cristão. Há certa unidade no ministério insolúvel de sua pessoa, que é, não apenas real, mas também é, a causa real que subjaz às diversas interpretações de sua vida e de sua obra, e as experiências posteriores Igreja subentendem, repetida e continuadamente, que deve haver comunhão com ele, como algo mais profundo que qualquer modificação interna ou externa da fé”.


          3. A PESQUISA EM BUSCA DO JESUS HISTÓRICO E O FRACASSO DE TAL INVESTIGAÇÃO


          Paul Tilllych, em sua obra Teologia Sistemática expõe o insucesso da capturação do chamado “Jesus Histórico”. Pude dividir a opinião de Tillych em cinco pontos, a saber: foi falsa a idéia de a crítica histórica ter destruído a própria fé; esse fracasso foi motivado pela natureza das fontes de pesquisa; o Cristianismo se alicerça no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus e não em uma novela histórica; os ensinos e as mensagens de Jesus não têm relação com a situação concreta na qual foram pronunciadas. Vejamos esses cinco aspectos do pensamento Tillychano.


          3.1 A crítica histórica parecia haver destruído a própria fé.

          Desde o momento em que foi aplicado o método científico de pesquisa histórica à literatura bíblica, problemas teológicos que nunca estiveram completamente ausentes ficaram de tal forma aumentados, como nunca o estiveram em períodos anteriores da história da igreja. O método histórico une elementos analítico-críticos e construtivo-conjeturais . Para a consciência cristã normal, moldada pela doutrina ortodoxa da inspiração verbal, o primeiro elemento impressionou muito mais do que o segundo. Só  foi sentido o elemento negativo no termo “crítica”, e esse empreendimento todo foi chamado de “crítica histórica” ou “alta crítica”` ou, com referência a um método recente, “critica da forma”. Em si mesmo, o termo “crítica histórica” significa nada mais do que pesquisa histórica. Toda pesquisa histórica crítica suas fontes, separando aquilo que apresenta mais probabilidade daquilo que apresenta menos ou é totalmente improvável. Ninguém duvida da validez desse método, já que ele é confirmado continuamente por seu sucesso; e ninguém protesta com seriedade se ele destrói belas lendas e preconceitos profundamente enraizados. Mas a pesquisa bíblica se tornou suspeita desde seu próprio começo. Ela parecia criticar não só as fontes históricas, mas também a revelação contida nessas fontes. Pesquisa histórica e rejeição da autoridade bíblica foram consideradas idênticas. Revelação, supunha-se, abarcava não só o conteúdo revelatório, mas também a forma histórica na qual apareceu. Isso parecia ser verdade especialmente com relação aos fatos referentes ao “Jesus histórico”. Já que a revelação bíblica é essencialmente histórica, parecia impossível separar o conteúdo revelatório dos relatos históricos tais quais apresentados nos registros bíblicos. A crítica histórica parecia haver destruído a própria fé.
          Mas a parte crítica da pesquisa histórica na literatura bíblica é a parte menos importante. Mais importante é a parte construtivo-conjetural, que foi a força motora em todo esse empreendimento. Os fatos que estão por três dos registros, foram buscados; especialmente se buscaram os fatos sobre Jesus. Havia um desejo urgente de descobrir a realidade desse homem, Jesus de Nazaré, por trás das tradições coloridas e ao mesmo tempo, camufladoras dessa realidade, que são tão antigas quanto ela própria. Desse modo, a pesquisa pelo assim chamado “Jesus histórico” teve início. Seus motivos eram ao mesmo tempo religiosos e científicos. Essa tentativa era corajosa, nobre e extremamente significativa em muitos aspectos. Suas conseqüências teológicas são inúmeras e bastante importantes. Mas, vista à luz de sua intenção básica, a tentativa da crítica histórica de encontrar a verdade empírica sobre Jesus de Nazaré foi um fracasso. O Jesus histórico, a saber, o Jesus que está por trás dos símbolos de sua recepção como o Cristo, não só não apareceram, quanto se distanciavam cada vez mais g medida que se dava um novo passo. A história das tentativas de se escrever uma “vida de Jesus”, elaborada por Albert Schweitzer em sua primeira obra, “A busca do Jesus Histórico” ainda é válida. Sua própria tentativa construtiva foi corrigida. Eruditos, tanto conservadores quanto radicais, se tornaram mais cautelosos, mas a situação metodológica não mudou. Isso se tornou manifesto quando o programa ousado de “desmitologização do Novo Testamento”, feito por Bultmann, levantou uma tempestade em todos os campos teológicos, e a lentidão com que a escola de Barth considerava o problema histórico foi seguida por um impressionante despertamento. Mas o resultado do questionamento novo (e muito antigo) não é uma imagem do assim chamado Jesus histórico, mas o “insight” de que não existe uma imagem por trás da imagem bíblica que pudesse se tornar cientificamente provável.


          3.2 O fracasso foi motivado pela natureza das fontes de pesquisa


          A situação exposta acima não é questão de um defeito passageiro da pesquisa histórica que um dia seja superado. Ela é causada pela própria natureza das fontes. Os registros sobre Jesus de Nazaré são os de Jesus como o Cristo, dados por pessoas que o receberam como o Cristo. Portanto, se tentamos encontrar o Jesus real que está por trás da imagem de Jesus como o Cristo, é necessário separar criticamente os elementos que pertencem ao lado factual do evento, daqueles elementos que pertencem ao lado receptivo. Ao fazer isso, esboça-se uma “Vida de Jesus”;  muitos desses esboços foram elaborados. Em muitos deles atuaram juntos: honestidade científica, devoção amorosa e interesse teológico. Em outros são visíveis o distanciamento crítico e até mesmo a rejeição malévola. Mas nenhum pode reivindicar ser uma imagem provável, que seja o resultado de um labor científico tremendo dedicado à essa tarefa durante duzentos anos. No máximo, eles são resultados mais ou menos prováveis, incapazes seja de fornecer uma base para a aceitação da fé cristã, seja para rejeitá-la.
          Tendo em vista essa situação, houve tentativas de reduzir a imagem do Jesus histórico aos seus traços “essenciais”; a elaborar uma Gestalt, ao mesmo tempo em que deixando abertos g dúvida seus traços particulares. Mas esse não é o processo correto. A pesquisa histórica não pode pintar uma imagem essencial depois de eliminar todos os traços particulares porque eles são questionáveis. Ela permanece dependente dos traços particulares.
          Conseqüentemente, as imagens do Jesus histórico nas quais é amplamente evitada uma “Vida de Jesus” diferem tanto umas das outras, quanto aquelas nas quais não é aplicada tal auto-restrição.
          A dependência da Gestalt na valoração dos traços particulares é evidente num exemplo tomado do complexo daquilo que Jesus ensinou sobre si mesmo. Para elaborar esse ponto, deve-se saber, além de muitas  outras coisas, se ele aplicou o título “Filho do Homem” a si mesmo, e caso sim, em que sentido. Toda resposta dada a essa questão é uma hipótese mais ou menos provável, mas o caráter do quadro “essencial” do Jesus histórico depende decisivamente dessa hipótese. Esse exemplo mostra claramente a impossibilidade de substituir a tentativa de esboçar uma “Vida de Jesus” tentando pintar a “Gestalt de Jesus”
          Esse exemplo mostra ao mesmo tempo outro ponto importante. Pessoas que não estão familiarizadas com o aspecto metodológico da pesquisa histórica temem suas conseqüências para a doutrina cristã e por isso gostam de atacar a pesquisa histórica em geral e a pesquisa na literatura bíblica em especial, acusando-as de preconceitos teológicos. Se elas forem consistentes, negarão que sua própria interpretação também é preconcebida ou, como elas diriam, dependente da verdade de sua fé. Mas elas negam que o método histórico tenha critérios científicos objetivos. Contudo, essa afirmação não pode ser sustentada em vista do imenso material histórico que foi descoberto e freqüentemente verificado de forma empírica por um método de pesquisa usado universalmente. E característico desse método que ele tenta manter uma auto-crítica permanente para libertar-se de preconceitos conscientes ou inconscientes. Isso nunca é plenamente bem sucedido, mas é uma arma poderosa e necessária para se obter conhecimento histórico.
          Um dos exemplos aludidos freqüentemente neste contexto é o tratamento dos milagres do Novo Testamento. O método histórico não aborda as histórias de milagres nem com o pressuposto de que aconteceram porque foram atribuídos aquele que é chamado o Cristo, nem com o pressuposto de que eles não aconteceram porque esses eventos contradiriam as leis da natureza. O método histórico pergunta, quão fidedignos são os relatos em cada caso particular, quão dependentes são eles de fontes mais antigas, como poderiam ter sido influenciados pela credulidade de um período, como são bem confirmados por outras fontes independentes, em que estilo são escritos, e para que finalmente são usados no contexto todo. Todas essas questões podem ser respondidas de forma “objetiva” sem a interferência desnecessária de preconceitos positivos ou negativos. O historiador nunca pode conseguir uma certeza dessa forma, mas pode chegar a um alto grau de probabilidade. Contudo, seria um salto a outro nível se ele transformasse a probabilidade histórica em uma certeza histórica positiva ou negativa mediante um juízo de fé (como será mostrado mais adiante). Essa distinção clara freqüentemente é confundida pelo fato óbvio de que a compreensão do sentido de um texto é parcialmente dependente das categorias de compreensão usadas no encontro com textos e registros. Mas não é totalmente dependente delas, já que existem aspectos filológicos e outros que estão abertos à uma abordagem objetiva. Compreensão exige participação do sujeito naquilo que compreende, e só podemos participar em termos daquilo que somos, incluindo nossas próprias categorias de compreensão. Mas essa compreensão “existencial” nunca deveria perverter o juízo do historiador com respeito aos fatos e relações. A pessoa cuja preocupação última é o conteúdo da mensagem bíblica está na mesma posição que aquela cujo conteúdo t indiferente, se discutem questões como as do desenvolvimento da tradição sinótica, ou os elementos mitológicos e lendários do Novo Testamento. Ambas têm os mesmos critérios de probabilidade histórica e devem usá-los com o mesmo rigor, embora ao fazer isso possam afetar suas próprias convicções religiosas ou filosóficas. Nesse processo pode acontecer que preconceitos que fecham os olhos para fatos particulares abrem-nos para outros. Mas esse “abrir os olhos” é uma experiência pessoal que não pode ser convertida num princípio metodológico. Só existe um procedimento metodológico, e esse consiste em olhar o objeto a ser investigado e não nossa maneira de olhar o objeto, já que nossa atitude se acha realmente determinada por muitos fatores psicológicos, sociológicos e históricos. Esses aspectos devem ser desconsiderados intencionalmente por quem quer que aborde um fato objetivamente. Não se deve formular um juízo sobre a auto-consciência de Jesus a partir do fato de que se é um cristão - ou anti-cristão. O juízo deve ser inferido de um certo grau de plausibilidade, baseado em registros e em sua provável validez histórica. Isso, sem dúvida, pressupõe que o conteúdo da fé cristã seja dependente desse juízo.






          3.3 O Cristianismo se baseia no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus


          A religião cristã se alicerça no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus de Nazaré e não em uma novela histórica, eis aí o fracasso da caça pelo Jesus Histórico. A busca do Jesus histórico foi uma tentativa de descobrir um mínimo de fatos confiáveis sobre o homem Jesus de Nazaré, para se obter um fundamento seguro à fé cristã. Essa tentativa foi um fracasso. A pesquisa histórica forneceu probabilidades sobre Jesus, em grau maior ou menor. A base dessas probabilidades, ela esboçou “Vidas de  Jesus”. Mas essas se pareciam mais a novelas do que a biografias; elas com certeza não poderiam fornecer uma base segura para a fé cristã. O cristianismo não se baseia na aceitação de uma novela histórica; ele se baseia no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus por pessoas que não estavam absolutamente interessadas numa biografia do Messias.
          A intuição dessa situação induziu alguns teólogos a desistirem de qualquer tentativa de construir uma “vida” ou uma Gestalt do Jesus histórico e restringir-se a uma interpretação das “palavras” de Jesus. A maior parte dessas palavras (embora não todas) não se referem a ele mesmo e podem ser separadas de qualquer contexto biográfico. Portanto, seu sentido é independente do fato de que possam ou não ter sido ditas por ele. Nessa base o problema biográfico insolúvel não guarda a menor relação com a verdade das palavras correta ou erradamente registradas como palavras de Jesus. O fato de que a maioria das palavras de Jesus tem um paralelo na literatura judaica contemporânea não é um argumento contra sua validez. Esse também não é um argumento contra sua unicidade e poder, tais como aparecem em coleções como o Sermão da Montanha, as parábolas e as discussões com inimigos, bem como com seus seguidores.


          3.4  Os ensinos e as mensagens de Jesus Cristo


          Uma teologia que tenta fazer das palavras de Jesus um fundamento histórico da fé cristã pode fazê-lo de duas maneiras. Pode tratar as palavras de Jesus como “ensinos de Jesus” ou como “mensagem de Jesus”. Como ensinos de Jesus, elas são entendidas como interpretações refinadas da lei natural ou como intuições originais da natureza do homem. Elas não tem relação com a situação concreta na qual foram pronunciadas. Como tal, pertencem à lei, profecia ou literatura sapiencial, da mesma maneira como no Antigo Testamento. Elas podem transcender todas essas três categorias em termos de profundidade e poder; mas não os transcendem em termos de caráter. Contudo, restringir a investigação histórica aos “ensinos de Jesus” é reduzir Jesus ao nível do Antigo Testamento e implicitamente negar sua reivindicação de superar o contexto vétero-testamentário .
          A segunda forma pela qual a pesquisa histórica se restringe às palavras de Jesus C mais profunda que a primeira. Ele nega que as palavras de Jesus sejam regras gerais de comportamento humano, que elas sejam regras às quais a gente deva se sujeitar, ou que elas sejam universais e possam portanto ser abstraídas da situação na qual foram ditas. Em vez disso, enfatizam a mensagem de Jesus de que o Reino de Deus está “à mão” e que portanto aqueles que querem entrar nele devem se decidir a favor ou contra o Reino. Essas palavras de Jesus não são regras gerais, mas exigências concretas. Essa interpretação do Jesus histórico, sugerida especialmente por Rudolf Bultmann, identifica o sentido de Jesus com o sentido de sua mensagem. Ele exige uma decisão, a saber, a decisão por Deus. E essa decisão inclui a aceitação da Cruz, porque ele mesmo aceitou a sua. Aquilo que é historicamente impossível, a saber, o esboço de uma “vida” ou uma Gestalt de Jesus, é engenhosamente evitado usando aquilo que está imediatamente dado - a saber, sua mensagem sobre o Reino de Deus e suas condições e apegando-se cada vez mais ao “paradoxo da Cruz de Cristo”  Mas até mesmo esse método de juízo histórico restrito não pode oferecer um fundamento à fé cristã. Ele não mostra como pode ser cumprida a exigência de decidir-se pelo Reino de Deus. A situação de ter que se decidir permanece sendo aquela sob a lei. Não transcende a situação do Antigo Testamento, a situação da busca por Cristo. Pode-se chamar a essa teologia de “liberalismo existencialista” em contraste com o “liberalismo legalista” do primeiro. Mas nenhum desses métodos responde à pergunta de onde reside o poder de obedecer aos ensinos de Jesus ou de decidir-se pelo Reino de Deus. Isso esses métodos não podem fazer porque a resposta deve vir de uma nova realidade que, de acordo com a mensagem cristã, é o Novo Ser em Jesus como o Cristo. A Cruz é o símbolo de um dom antes de ser o símbolo de uma exigência. Mas, se isso for aceito, é impossível retirar-se do ser de Cristo para refugiar-se em suas palavras. A via de acesso última da pesquisa e busca do Jesus histórico está barrada, e manifesta o fracasso da tentativa de apresentar um fundamento à fé cristã através da investigação histórica.


          3.5 A confusão semântica em torno da expressão “Jesus Histórico”


          Esse resultado teria sido reconhecido com mais facilidade se não fosse pela confusão semântica a respeito do sentido do termo “Jesus histórico”. Esse termo foi usado predominantemente para os resultados da pesquisa histórica referente ao caráter e vida da pessoa que está por trás dos registros do Evangelho. Como todo conhecimento histórico, nosso conhecimento dessa pessoa é fragmentário e hipotético. A investigação histórica sujeita esse conhecimento ao ceticismo metodológico e à mudança contínua que ocorre nos traços particulares, bem como nos essenciais. Ela tem como alvo ideal atingir um alto grau de probabilidade, mas em muitos casos isso é impossível.
          O termo “Jesus histórico” também é usado para significar o evento “Jesus como Cristo” como um elemento factual. O termo nesse sentido levanta a questão da fé e não a questão da pesquisa histórica. Se o elemento factual no evento cristão fosse negado, seria negado também o fundamento do cristianismo. Ceticismo metodológico sobre o labor da pesquisa histórica não nega esse elemento. A fé não pode nem mesmo garantir o nome “Jesus” com respeito àquele que foi o Cristo. Ela deve deixar isso às incertezas de nosso conhecimento histórico. Mas a fé garante a transformação factual da realidade naquela vida pessoal que o Novo Testamento expressa em sua imagem de Jesus como o Cristo. Se não se distinguirem esses dois sentidos do termo “Jesus histórico”, não é possível haver nenhuma discussão honesta e frutífera.




          II. A COMPLETA CRISTIFICAÇÃO DE JESUS




          1. CONCEITO DE CRISTIFICAÇÃO



          Christos em grego é “ungido”, de epichriô, “ungir, “untar”. A ilustração utilizada pelo Educador em Teologia Expedito Nogueira Marinho bem se adeqúa a essa etimologia: quando cai sobre uma folha de papel uma gota de azeite, esse papel ou qualquer outra substância porosa fica ungida ou permeada pelo óleo ao ponto de parecer ambos a mesma coisa, porque tanto o azeite está no papel como o papel está no azeite, de forma que ambos não podem serem vistos separadamente.
          Por “cristificação”, entende-se o ato ou efeito de o homem Jesus de Nazaré (de fato, pessoa humana) ser permeado pelo “Cristo”. Para isso ocorrer Jesus teve que ser efetivamente homem. Entretanto, é preciso ponderar que apesar de Jesus ter nascido, crescido, trabalhado, sofrido como ser humano, não viveu como todo indivíduo.  O nosso Senhor não era o tipo de homem como os outros homens. Essa análise deve ser feita para não se cair nos extremismos: uns elevam Jesus,  a tal ponto de perder a sua humanidade como faziam os docéticos do passado; outros diminuem Jesus a tal ponto de confundi-lo com um mero ser humano qualquer.


          2. SER FILHO DO HOMEM: REQUISITO PARA SER CRISTIFICADO


          O primeiro requisito para Jesus de Nazaré ser cristificado foi o fato de ele não ser um homem do tipo que toda a raça humana é. Ele foi o único homem 100% humano, enquanto o restante dos seres humanos são apenas semi-humanos. Por isso mesmo, enquanto Se manifestou em carne aos homens, Ele preferia Se auto-entitular  “O Filho do Homem”. Nosso Senhor não se denominou como filho ­de homem, mas sim Filho ­do homem, o que significa ser ele filho de uma geração 100% hominal. Ele foi gerado de modo diferente do restante da humanidade.
          O título Filho do Homem freqüentemente é aplicado à pessoa de Cristo, lembra sua humanidade (Jo 1.14). Cerca de 79 vezes esta expressão ocorre somente no NT e com exclusividade, nos Evangelhos, e vinte e duas vezes no livro do Apocalipse. Em Ezequiel (por toda a extensão do livro), a frase é empregada por Deus 91 vezes. Segundo o Dr. Allmen, em seu Vocabulário Bíblico citado por Tasker a expressão “Filho do Homem” (Jo 3.13) havia se tornado uma figura messiânica mais corrente. Esse é o motivo porque um exame dos textos evangélicos permitem, quase sem possibilidade de erro, preferir que ao designar-se “Filho do homem” o Senhor Jesus escolheu esse título, evidentemente, menos comprometido pelo nacionalismo judaico e pelas esperanças bélicas. Havia também uma esperança judaica do “Homem dos últimos tempos”, conforme lemos em Rm 5.12-21; 1 Co 15.22, 45, 47; e 2. 5-11). R.V.G. Tasker Professor Emérito de Exegese do Novo Testamento na Universidade de Londres em sua obra Mateus - Introdução e Comentário defende a idéia de que Cristo apartou para si o título em foco porque o termo expressava  melhor do que qualquer outro vocábulo os dois lados da sua natureza. Por um lado, chamava a atenção para as limitações e sofrimentos a que ele estava por necessidade sujeito durante a sua existência terrena; como homem real (sendo que o hebraico, “filho do homem: , equivale a “homem”) esteve abaixo dos anjos, conforme Hb 2.6,7. Por outro lado. Também sugeria a sua transcendência, que se veria em toda a sua glória quando os homens vissem o Filho do homem vindo para juízo nas nuvens do céu e reivindicando os seus direitos de propriedade sobre todos os reinos de acordo com o vaticínio do profeta Daniel (Dn 7.13,14).


          3. JESUS DE NAZARÉ PÔDE SER CRISTIFICADO PORQUE TAMBÉM É O FILHO DE DEUS

          Para os teólogos católicos Juan Mateos e Juan Barreto, na obra Vocabulário Teológico do Evangelho de São João,  a terminologia “Filho do homem” indica a condição humana realizada nele com excelência, plenitude e unicidade que o constitui em modelo de homem, o vértice da humanidade. Em outro momento da obra, apesar de os autores recomendarem cautela ao interpretar essa expressão. Admitem que “Homem” acompanhado do artigo definido “o” no Evangelho segundo escreveu João, ou seja, “O homem” (o Filho do homem) aparece no texto joanino doze vezes: 1.51; 3.13,14; 6.27,53,62; 8.28; 9.35; 12.12,34; 13.31. A passagem mais destacável é Jo 6.27: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, imprimiu o seu selo” (grifo nosso). Aqui o Filho do homem, distingui-se dos outros homens por estar marcado com o selo de Deus. Este selo é O Espírito, que recebeu em plenitude, conforme Jo 1.32,33.
          Ora, a visão de João Batista que descreve a descida do Espírito Santo é a explicação em forma de narrativa da afirmação teológica de Jo 1.14: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai”. A glória identifica-se com o Espírito e sua comunicação se realiza e caracteriza o projeto de Deus feito homem (vemos que em Jo 1.1c “um” Deus era o projeto. O filho do Homem significa pois nos lábios de Jesus, sua própria humanidade que possui a plenitude do espírito, o projeto divino sobre o homem realizado nele, o modelo de homem, o ‘vértice humano. É  a realidade de Jesus vista desde baixo, desde sua raiz humanam, que se ergue até à absoluta realização pela comunicação do Espírito. O seu correlativo é o título “o Filho de Deus”, que significa a mesma realidade vista de cima, desde de Deus, designado o que é totalmente semelhante a ele e possui a condição divina.
          Nessa linha de análise, a expressão “o Filho de Deus” designa Jesus como o que possui a plenitude do Espírito de Deus, denotando a relação particular e exclusiva que Jesus tem com o Pai. a expressão encontra-se pela primeira vez nos lábios de João Batista, expressando o efeito da descida do Espírito sobre Jesus, conforme Jo 1.32-34. A esta consagração com o Espírito o próprio Jesus associa a sua qualidade de Filho de Deus, consoante Jo 10.36. A condição de Filho de Deus, unidade à de Messias, constitui a profissão de fé da comunidade cristã. Logo, Jesus de Nazaré pôde ser cristificado porque também é o Filho de Deus.






          O TIPO DE FECUNDAÇÃO QUE FORMOU O CORPO DO SENHOR JESUS CRISTO


          Como já discorri anteriormente Jesus de Nazaré  não se auto-entitulou como filho ­de homem, mas sim Filho ­do homem, o que denota ser ele filho de uma geração 100% hominal. Para se entender isso é preciso distinguir a forma comum com que a espécie humana é gerada e o modo sobrenatural pelo qual “o Verbo se fez carne”.


          1. GERAÇÃO NATURAL - HUMANA, A NOSSA


          Fecundação é o ato e o efeito pelo qual um ser humano é gerado - a penetração de um espermatozóide em um óvulo. Nesse sentido, fecundar é comunicar a (um germe) o princípio, a causa imediata do seu desenvolvimento; é conceber, gerar alguém. Poucas maravilhas da natureza podem ser comparadas ao mágico instante da concepção da vida humana. O encontro entre o óvulo e o espermatozóide e marcado na Trompa de Falópio. Lá o óvulo, em repouso, espera pacientemente a chegada de um espermatozóide para ser fecundado e posteriormente tornar-se um bebê.
          O milagre da criação natural deve ocorrer dentro de 24 horas, caso contrário como declara a escritora Déborah Fonseca “tudo se resumirá a um rio de sangue”, com a chegada da menstruação. De outro lado, bem próximo, no momento do orgasmo masculino cerca de 400 milhões de espermatozóides são liberados e partem em ritmo alucinado para fazer cumprir sua missão de criar um novo ser humano,. Alguns podem levar horas até percorrerem os 18 centímetros entre a vagina e as trompas. Os mais afoitos, porém, conseguem chegar em questão de segundos. Há ainda outros, sem a mesma sorte, que acabam ficando pelo caminho presos nas cavidades do útero. Apenas um pequeno grupo vence todos os obstáculos e chega próximo ao óvulo. Sem hesitar um só instante, um dos espermatozóides se adianta aos outros e penetra o óvulo. Imediatamente, a composição química do óvulo se altera e impede a passagem de outros. É o fim desta incrível jornada e o início de uma nova vida. Glória ao Criador!
          A forma pela qual a raça humana é fecundada é a hiloplasmática. O prefixo “hilo” vem do vocábulo “hily” que significa matéria; e “plasmática” origina-se de “plasmar” que quer dizer “formar”. Essa análise etimológica nos leva a concluir que um corpo “hilo-gerado” é um corpo gerado pela matéria. Entende-se por matéria nesse contexto substância física, ou com mais aprofundamento, pelo ponto de vista filosófico da expressão, o que dá realidade concreta a uma coisa individual, que é o objeto de intuição no espaço e dotado de uma massa mecânica. Como vimos acima a forma com que uma pessoa é gerada é um estupendo milagre. Mas, por mais maravilhoso ( e não deixa de ser um milagre) que seja nosso Senhor Jesus teve uma geração muito mais maravilhosa que essa, como veremos adiante.








          2. GERAÇÃO SOBRENATURAL - DIVINA, A DO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.


          Se a produção de um ser humano natural já é estupenda e miraculosa, muito mais nos deixa estupefatos  a forma com que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. É o chamado milagre da regressão, que o Apóstolo Paulo bem descreveu de um modo até poético aos crentes em Filipos, quando expôs a profunda  doutrina da necessidade de o cristão manter-se humildade em seu coração a semelhança de “Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. (Fp 2.5-8).
          Como expus anteriormente a fecundação é o ato e o efeito pelo qual um ser humano é gerado - no caso natural ocorre com a penetração de um espermatozóide em um óvulo, comunicando-lhe a causa imediata do seu desenvolvimento. Mas o nosso Senhor Jesus não foi fecundado pelo modo hiloplasmático como comentei anteriormente. Sua geração foi bioplasmática. Analisemos a etimologia do termo “bioplasmática”. A palavra “bios” em grego é “vida” e relembrando o sufixo “plasmática” vem de “plasmar” que quer dizer “formar”. Significa dizer que um corpo “bioplasmático” é um corpo formado pela vida. Logo, Jesus foi gerado pela vida.
          A geração bioplasmática por certo fora a maneira com qual Deus planejara a procriação da espécie humana a partir de Adão, entretanto, tal plano foi frustrado pelo fato de o primeiro homem não ser aprovado no teste de fidelidade aplicado pelo Senhor. O pecado interrompeu o projeto de procriação pela vida planejado pelo Criador. Em contra partida, Jeová pôde executar o seu plano de geração do ser através da encarnação do Verbo divino. O Filho de Deus não foi gerado pela matéria, por isso, pôde se auto-entitular de Filho do Homem. Jesus de Nazaré foi o maior homem que já pisou a face da Terra.
          Talvez a idéia acima fique estranha ao leitor apressado da Bíblia que lendo o Santo Evangelho de Jesus Cristo segundo escreveu São Lucas vê a própria declaração de Jesus acerca de um profeta “... entre os nascidos de mulher, não há maior profeta do que João Batista” (Lc 7.28). Jesus sabia que Ele próprio era o maior ser humano da face da terra (o único 100% homem), mas também tinha consciência que não tinha provindo a carne de Maria e muito menos de José. Conforme vemos em Lucas 1.35: “Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus”. Falando de modo reverente, Gabriel diz que o Espírito Santo descerá sobre Maria e que o poder do Altíssimo a envolvera.
          Alguns exegetas esclarecem essa passagem bíblica de modo peculiar. Leon Morris ensina que esta expressão delicada exclui idéias grosseiras de uma “união” entre o Espírito Santo com Maria. Gabriel deixa claro que a concepção de Maria será o resultado de uma atividade divina. Por causa disso, o filho a ser nascido seria  “santo... o Filho de Deus”. A nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém esclarece que a expressão “o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra” evoca, seja nuvem luminosa de Jeová, conforme Ex 13.22, 19.16, 24.16), seja as asas do pássaro que simbolizam o poder protetor (Sl 17.8; 57.2; 140.8) e criador (Gn 1.2) de Deus. Merril Tenney assevera que em contraste com as lendas pagãs da antigüidade relacionadas com reputada descendência de deuses homens, não houve nenhuma intervenção física. O Espírito Santo, por meio de uma ato criador no corpo de Maria, providenciou os meios físicos para a encarnação. O teólogo E. F. Kevan ensina que o Espírito Santo desceu sobre a virgem Maria em Sua capacidade como poder criativo de Deus, conforme Gn 1.2, a encarnação foi o começo de uma nova criação. O “poder do Altíssimo” cobriu-a livre de toda a mancha do pecado. Ainda que verdadeiramente da raça de Adão, Jesus no entanto nasceu como Cabeça, sem pecado, de uma nova raça. As palavras de Gabriel: “Será chamado Filho de Deus”, dão base à filiação divina do filho de Maria quando de Sua concepção pelo Espírito divino. Isso não implica, nem tão pouco exclui a sua preexistência. Seu resultado é visto na consciência da paternidade de Deus que Jesus possuía desde Seus anos primordiais. Portanto, o homem Jesus não fora gerado pela matéria, mas sim, pela vida. Não foi contaminado com o elemento pecaminoso que havia em Maria.
          Por outro lado, os homens naturais são “gerados pela carne e pelo sangue”, por isso são mortais como todo animal, mas, o Senhor Jesus possuía em si a imortalidade. Prova disso foi o que Ele mesmo revelou acerca dessa verdade: “...dou a minha vida para a retomar. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai” (Jo 10.17,18). Somente tem legitimidade para falar dessa maneira quem possui em si a imortalidade. Isso corrobora a verdade de que Jesus foi gerado de um modo 100% humano e 0% animal, em função disso, ele intitula a si mesmo de “O filho do Homem”.




































          B I B L I O G R A F I A


          BARRETO et MATEOS, Juan, Juan. Tradução Alberto Costa. Vocabulário Teológico do Evangelho de São João. Edições Paulinas, São Paulo 1989.


          BRITO, Robson J. Anotações Particulares,  Maringá, de 1993 a 1998.


          CHAMPLIN et BENTES, Russel, José Carlos. Enciclopédia de Bíblia e de Teologia. Editora Candeia, 1ª Ed., São Paulo 1994.


          MARINHO, Expedito Nogueira. Cristologia - Apostila -  SETAD - Seminário Teológico da Assembléia de Deus - São Paulo, 1998.


          TASKER, R. V. G.. Mateus - Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão, 1ª Ed., São Paulo, 1980, Reimpressão 1985.


          TILLICH, Paul. Teologia Sistemática. Tradução: Getúlio Bertelli. Editora Sinodal e Edições Paulinas, 2ª Ed., São Leopoldo - RS e São Paulo - SP, 1987.










          O JESUS HISTÓRICO




          CONCEITO DE “JESUS HISTÓRICO” 3
          A OBJEÇÃO DA IGREJA CRISTÃ AO CHAMADO “JESUS HISTÓRICO” 3


          A PESQUISA EM BUSCA DO JESUS HISTÓRICO E O FRACASSO DELA 5
          A crítica histórica parecia haver destruído a própria fé. 5
          O fracasso foi motivado pela natureza das fontes de pesquisa. 6


          O Cristianismo se baseia no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus. 8


          Os ensinos e as mensagens de Jesus Cristo. 9


          A confusão semântica em torno da expressão “Jesus Histórico”. 10




          A COMPLETA CRISTIFICAÇÃO DE JESUS 10
          CONCEITO DE CRISTIFICAÇÃO. 10


          SER FILHO DO HOMEM: REQUISITO PARA SER CRISTIFICADO. 11


          JESUS DE NAZARÉ PÔDE SER CRISTIFICADO PORQUE TAMBÉM É O FILHO DE DEUS. 11




          O TIPO DE FECUNDAÇÃO QUE FORMOU O CORPO DO SENHOR JESUS CRISTO 12
          GERAÇÃO NATURAL - HUMANA, A NOSSA 12


          GERAÇÃO SOBRENATURAL - DIVINA, A DO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. 13

          B I B L I O G R A F I A 16
          C R I S T O L O G I A




          I. O JESUS HISTÓRICO


          1. CONCEITO DE “JESUS HISTÓRICO”




          No período compreendido entre 1774 a 1778, foi iniciada a procura do Jesus Histórico. Lessing publicou pós morte as anotações de Hermann Samuel Reimarus. Esse estudioso questionava a tradicional forma de apresentar Jesus na Igreja e no Novo Testamento. Para ele Jesus nunca fizera uma reivindicação messiânica, nunca institui qualquer sacramento, nunca predisse a sua morte e nem ressuscitou dentre os mortos. Dizia que Jesus era um engodo. Essa atitude instigou a busca do Jesus “verdadeiro”. A metodologia racionalista foi a predominante como método de pesquisa dessa busca, peculiar a primeira parte do século XIX. A polêmica desses estudos foi um terreno fértil para nascerem obras pró e contra Jesus.
          O interregno entre a Primeira e a Segunda Grande Guerra Mundial foi a ocasião em que a busca do Jesus histórico foi abandonada, em função da falta de interesse pela procura e pelas dúvidas quanto a sua possibilidade. Entretanto, três fatores foram fundamentais para essa desistência: primeiro - a obra de Albert Schweitzer que revelou a idéia de que o Jesus liberal nunca existiu, pois ele foi criado e baseado nos desejos de liberais, não em fatos verídicos; segundo - a partir da obra de William Wrede e dos críticos da forma, houve o  reconhecimento de que os evangelhos não eram meramente biografias objetivas que facilmente poderiam ser pesquisadas à procura de informações historicistas; por fim - Martin Kähler influenciou os estudiosos a reconhecerem que o objeto da fé da igreja no decurso de todos os séculos nunca tinha sido o Jesus histórico do liberalismo teológico, mas o cristo da fé, ou seja, o Cristo sobrenatural proclamado nas Sagradas Letras.
          Ernst käsemann, em 1953, reacendeu as chamas da busca do Jesus da história, propalando seu receio de que a lacuna entre o Jesus da história e o Cristo da fé era muito semelhante à heresia docética, que negava a humanidade do Filho de Deus. Como era de se esperar Käsemann decepcionou-se em seus intentos.
          O avanço da ciência histórica não tem modificado a opinião universal a cerca do Senhor Jesus. Prova disso é que, desde o mundo antigo à contemporaneidade, encontramos mesmo que em forma diversificada a historicidade da pessoa bendita de Jesus de Nazaré.


          2. A OBJEÇÃO DA IGREJA CRISTÃ AO CHAMADO “JESUS HISTÓRICO”

          A igreja cristã ri do fascínio dos liberais pela busca do que eles chamam de “Jesus Histórico”. Isso se justifica pelo fato de que o Cristianismo é o que é, através da afirmação de que o homem Jesus de Nazaré, que foi chamado “o Cristo”, é de fato o Cristo, a saber, o Messias, o Ungido. Toda vez que é sustentada a asserção de que Jesus é o Cristo, ali existe a mensagem cristã; onde quer que essa asserção seja negada, é negada igualmente a mensagem cristã.
          A religião cristã nasceu não quando nasceu o homem chamado “Jesus”, mas sim, no momento que um de seus seguidores foi levado a dizer-lhe: “Tu é o Cristo”. E o Cristianismo ficará vivo enquanto existirem pessoas que repitam essa afirmação. Isso porque o evento sobre o qual o Cristianismo se baseia apresenta dois lados: o fato que é chamado “Jesus de Nazaré” e a recepção deste fato por aqueles que O receberam como o Cristo. Interessante que no momento que os discípulos O aceitam como o Cristo é também o momento que Ele é rejeitado pelos poderes da história. Então, Aquele que é o Cristo deve morrer por haver aceito o título de “Cristo.
          Jesus como o Cristo é tanto um fato histórico quanto um objeto de recepção pela fé. Não se pode afirmar a verdade sobre o evento no qual se baseia o Cristianismo sem afirmar ambos esses lados. Se Jesus não tivesse impactado os seus discípulos com o fato de ser o Cristo, e eles tivessem crido, bem como através deles a todas as gerações posteriores, o homem que é chamado Jesus de Nazaré talvez fosse recordado apenas como uma pessoa histórica e religiosamente importante. Mas se ele foi crido e provou de fato ser o Cristo.
          Nesse sentido, quem é o “Jesus Histórico”? Russel Norman Champlin responde tal questionamento em sua obra Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Para ele o Jesus histórico é igualmente o Jesus a quem adoramos e servimos. É o Jesus teológico naturalmente, podemos ter algumas noções falsas a cerca d’Ele, mas há tal identificação de pessoa. Jesus é uma figura cósmica, dotada de importância universal. Não foi meramente um homem bom, um excelente mestre. Ele é também o Senhor da Glória, no sentido mais literal possível.
          James Moffatt, em sua obra Jesus Christ The Same assevera:
          “Nada é mais provável do que aquele que viveu à face da Terra, por alguns poucos anos, seja o mesmo Cristo, a quem seus seguidores adoram como Senhor; nenhum novo Jesus foi criado por algum movimento sincretista do primeiro século cristão. Há certa unidade no ministério insolúvel de sua pessoa, que é, não apenas real, mas também é, a causa real que subjaz às diversas interpretações de sua vida e de sua obra, e as experiências posteriores Igreja subentendem, repetida e continuadamente, que deve haver comunhão com ele, como algo mais profundo que qualquer modificação interna ou externa da fé”.


          3. A PESQUISA EM BUSCA DO JESUS HISTÓRICO E O FRACASSO DE TAL INVESTIGAÇÃO


          Paul Tilllych, em sua obra Teologia Sistemática expõe o insucesso da capturação do chamado “Jesus Histórico”. Pude dividir a opinião de Tillych em cinco pontos, a saber: foi falsa a idéia de a crítica histórica ter destruído a própria fé; esse fracasso foi motivado pela natureza das fontes de pesquisa; o Cristianismo se alicerça no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus e não em uma novela histórica; os ensinos e as mensagens de Jesus não têm relação com a situação concreta na qual foram pronunciadas. Vejamos esses cinco aspectos do pensamento Tillychano.


          3.1 A crítica histórica parecia haver destruído a própria fé.

          Desde o momento em que foi aplicado o método científico de pesquisa histórica à literatura bíblica, problemas teológicos que nunca estiveram completamente ausentes ficaram de tal forma aumentados, como nunca o estiveram em períodos anteriores da história da igreja. O método histórico une elementos analítico-críticos e construtivo-conjeturais . Para a consciência cristã normal, moldada pela doutrina ortodoxa da inspiração verbal, o primeiro elemento impressionou muito mais do que o segundo. Só  foi sentido o elemento negativo no termo “crítica”, e esse empreendimento todo foi chamado de “crítica histórica” ou “alta crítica”` ou, com referência a um método recente, “critica da forma”. Em si mesmo, o termo “crítica histórica” significa nada mais do que pesquisa histórica. Toda pesquisa histórica crítica suas fontes, separando aquilo que apresenta mais probabilidade daquilo que apresenta menos ou é totalmente improvável. Ninguém duvida da validez desse método, já que ele é confirmado continuamente por seu sucesso; e ninguém protesta com seriedade se ele destrói belas lendas e preconceitos profundamente enraizados. Mas a pesquisa bíblica se tornou suspeita desde seu próprio começo. Ela parecia criticar não só as fontes históricas, mas também a revelação contida nessas fontes. Pesquisa histórica e rejeição da autoridade bíblica foram consideradas idênticas. Revelação, supunha-se, abarcava não só o conteúdo revelatório, mas também a forma histórica na qual apareceu. Isso parecia ser verdade especialmente com relação aos fatos referentes ao “Jesus histórico”. Já que a revelação bíblica é essencialmente histórica, parecia impossível separar o conteúdo revelatório dos relatos históricos tais quais apresentados nos registros bíblicos. A crítica histórica parecia haver destruído a própria fé.
          Mas a parte crítica da pesquisa histórica na literatura bíblica é a parte menos importante. Mais importante é a parte construtivo-conjetural, que foi a força motora em todo esse empreendimento. Os fatos que estão por três dos registros, foram buscados; especialmente se buscaram os fatos sobre Jesus. Havia um desejo urgente de descobrir a realidade desse homem, Jesus de Nazaré, por trás das tradições coloridas e ao mesmo tempo, camufladoras dessa realidade, que são tão antigas quanto ela própria. Desse modo, a pesquisa pelo assim chamado “Jesus histórico” teve início. Seus motivos eram ao mesmo tempo religiosos e científicos. Essa tentativa era corajosa, nobre e extremamente significativa em muitos aspectos. Suas conseqüências teológicas são inúmeras e bastante importantes. Mas, vista à luz de sua intenção básica, a tentativa da crítica histórica de encontrar a verdade empírica sobre Jesus de Nazaré foi um fracasso. O Jesus histórico, a saber, o Jesus que está por trás dos símbolos de sua recepção como o Cristo, não só não apareceram, quanto se distanciavam cada vez mais g medida que se dava um novo passo. A história das tentativas de se escrever uma “vida de Jesus”, elaborada por Albert Schweitzer em sua primeira obra, “A busca do Jesus Histórico” ainda é válida. Sua própria tentativa construtiva foi corrigida. Eruditos, tanto conservadores quanto radicais, se tornaram mais cautelosos, mas a situação metodológica não mudou. Isso se tornou manifesto quando o programa ousado de “desmitologização do Novo Testamento”, feito por Bultmann, levantou uma tempestade em todos os campos teológicos, e a lentidão com que a escola de Barth considerava o problema histórico foi seguida por um impressionante despertamento. Mas o resultado do questionamento novo (e muito antigo) não é uma imagem do assim chamado Jesus histórico, mas o “insight” de que não existe uma imagem por trás da imagem bíblica que pudesse se tornar cientificamente provável.


          3.2 O fracasso foi motivado pela natureza das fontes de pesquisa


          A situação exposta acima não é questão de um defeito passageiro da pesquisa histórica que um dia seja superado. Ela é causada pela própria natureza das fontes. Os registros sobre Jesus de Nazaré são os de Jesus como o Cristo, dados por pessoas que o receberam como o Cristo. Portanto, se tentamos encontrar o Jesus real que está por trás da imagem de Jesus como o Cristo, é necessário separar criticamente os elementos que pertencem ao lado factual do evento, daqueles elementos que pertencem ao lado receptivo. Ao fazer isso, esboça-se uma “Vida de Jesus”;  muitos desses esboços foram elaborados. Em muitos deles atuaram juntos: honestidade científica, devoção amorosa e interesse teológico. Em outros são visíveis o distanciamento crítico e até mesmo a rejeição malévola. Mas nenhum pode reivindicar ser uma imagem provável, que seja o resultado de um labor científico tremendo dedicado à essa tarefa durante duzentos anos. No máximo, eles são resultados mais ou menos prováveis, incapazes seja de fornecer uma base para a aceitação da fé cristã, seja para rejeitá-la.
          Tendo em vista essa situação, houve tentativas de reduzir a imagem do Jesus histórico aos seus traços “essenciais”; a elaborar uma Gestalt, ao mesmo tempo em que deixando abertos g dúvida seus traços particulares. Mas esse não é o processo correto. A pesquisa histórica não pode pintar uma imagem essencial depois de eliminar todos os traços particulares porque eles são questionáveis. Ela permanece dependente dos traços particulares.
          Conseqüentemente, as imagens do Jesus histórico nas quais é amplamente evitada uma “Vida de Jesus” diferem tanto umas das outras, quanto aquelas nas quais não é aplicada tal auto-restrição.
          A dependência da Gestalt na valoração dos traços particulares é evidente num exemplo tomado do complexo daquilo que Jesus ensinou sobre si mesmo. Para elaborar esse ponto, deve-se saber, além de muitas  outras coisas, se ele aplicou o título “Filho do Homem” a si mesmo, e caso sim, em que sentido. Toda resposta dada a essa questão é uma hipótese mais ou menos provável, mas o caráter do quadro “essencial” do Jesus histórico depende decisivamente dessa hipótese. Esse exemplo mostra claramente a impossibilidade de substituir a tentativa de esboçar uma “Vida de Jesus” tentando pintar a “Gestalt de Jesus”
          Esse exemplo mostra ao mesmo tempo outro ponto importante. Pessoas que não estão familiarizadas com o aspecto metodológico da pesquisa histórica temem suas conseqüências para a doutrina cristã e por isso gostam de atacar a pesquisa histórica em geral e a pesquisa na literatura bíblica em especial, acusando-as de preconceitos teológicos. Se elas forem consistentes, negarão que sua própria interpretação também é preconcebida ou, como elas diriam, dependente da verdade de sua fé. Mas elas negam que o método histórico tenha critérios científicos objetivos. Contudo, essa afirmação não pode ser sustentada em vista do imenso material histórico que foi descoberto e freqüentemente verificado de forma empírica por um método de pesquisa usado universalmente. E característico desse método que ele tenta manter uma auto-crítica permanente para libertar-se de preconceitos conscientes ou inconscientes. Isso nunca é plenamente bem sucedido, mas é uma arma poderosa e necessária para se obter conhecimento histórico.
          Um dos exemplos aludidos freqüentemente neste contexto é o tratamento dos milagres do Novo Testamento. O método histórico não aborda as histórias de milagres nem com o pressuposto de que aconteceram porque foram atribuídos aquele que é chamado o Cristo, nem com o pressuposto de que eles não aconteceram porque esses eventos contradiriam as leis da natureza. O método histórico pergunta, quão fidedignos são os relatos em cada caso particular, quão dependentes são eles de fontes mais antigas, como poderiam ter sido influenciados pela credulidade de um período, como são bem confirmados por outras fontes independentes, em que estilo são escritos, e para que finalmente são usados no contexto todo. Todas essas questões podem ser respondidas de forma “objetiva” sem a interferência desnecessária de preconceitos positivos ou negativos. O historiador nunca pode conseguir uma certeza dessa forma, mas pode chegar a um alto grau de probabilidade. Contudo, seria um salto a outro nível se ele transformasse a probabilidade histórica em uma certeza histórica positiva ou negativa mediante um juízo de fé (como será mostrado mais adiante). Essa distinção clara freqüentemente é confundida pelo fato óbvio de que a compreensão do sentido de um texto é parcialmente dependente das categorias de compreensão usadas no encontro com textos e registros. Mas não é totalmente dependente delas, já que existem aspectos filológicos e outros que estão abertos à uma abordagem objetiva. Compreensão exige participação do sujeito naquilo que compreende, e só podemos participar em termos daquilo que somos, incluindo nossas próprias categorias de compreensão. Mas essa compreensão “existencial” nunca deveria perverter o juízo do historiador com respeito aos fatos e relações. A pessoa cuja preocupação última é o conteúdo da mensagem bíblica está na mesma posição que aquela cujo conteúdo t indiferente, se discutem questões como as do desenvolvimento da tradição sinótica, ou os elementos mitológicos e lendários do Novo Testamento. Ambas têm os mesmos critérios de probabilidade histórica e devem usá-los com o mesmo rigor, embora ao fazer isso possam afetar suas próprias convicções religiosas ou filosóficas. Nesse processo pode acontecer que preconceitos que fecham os olhos para fatos particulares abrem-nos para outros. Mas esse “abrir os olhos” é uma experiência pessoal que não pode ser convertida num princípio metodológico. Só existe um procedimento metodológico, e esse consiste em olhar o objeto a ser investigado e não nossa maneira de olhar o objeto, já que nossa atitude se acha realmente determinada por muitos fatores psicológicos, sociológicos e históricos. Esses aspectos devem ser desconsiderados intencionalmente por quem quer que aborde um fato objetivamente. Não se deve formular um juízo sobre a auto-consciência de Jesus a partir do fato de que se é um cristão - ou anti-cristão. O juízo deve ser inferido de um certo grau de plausibilidade, baseado em registros e em sua provável validez histórica. Isso, sem dúvida, pressupõe que o conteúdo da fé cristã seja dependente desse juízo.






          3.3 O Cristianismo se baseia no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus


          A religião cristã se alicerça no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus de Nazaré e não em uma novela histórica, eis aí o fracasso da caça pelo Jesus Histórico. A busca do Jesus histórico foi uma tentativa de descobrir um mínimo de fatos confiáveis sobre o homem Jesus de Nazaré, para se obter um fundamento seguro à fé cristã. Essa tentativa foi um fracasso. A pesquisa histórica forneceu probabilidades sobre Jesus, em grau maior ou menor. A base dessas probabilidades, ela esboçou “Vidas de  Jesus”. Mas essas se pareciam mais a novelas do que a biografias; elas com certeza não poderiam fornecer uma base segura para a fé cristã. O cristianismo não se baseia na aceitação de uma novela histórica; ele se baseia no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus por pessoas que não estavam absolutamente interessadas numa biografia do Messias.
          A intuição dessa situação induziu alguns teólogos a desistirem de qualquer tentativa de construir uma “vida” ou uma Gestalt do Jesus histórico e restringir-se a uma interpretação das “palavras” de Jesus. A maior parte dessas palavras (embora não todas) não se referem a ele mesmo e podem ser separadas de qualquer contexto biográfico. Portanto, seu sentido é independente do fato de que possam ou não ter sido ditas por ele. Nessa base o problema biográfico insolúvel não guarda a menor relação com a verdade das palavras correta ou erradamente registradas como palavras de Jesus. O fato de que a maioria das palavras de Jesus tem um paralelo na literatura judaica contemporânea não é um argumento contra sua validez. Esse também não é um argumento contra sua unicidade e poder, tais como aparecem em coleções como o Sermão da Montanha, as parábolas e as discussões com inimigos, bem como com seus seguidores.


          3.4  Os ensinos e as mensagens de Jesus Cristo


          Uma teologia que tenta fazer das palavras de Jesus um fundamento histórico da fé cristã pode fazê-lo de duas maneiras. Pode tratar as palavras de Jesus como “ensinos de Jesus” ou como “mensagem de Jesus”. Como ensinos de Jesus, elas são entendidas como interpretações refinadas da lei natural ou como intuições originais da natureza do homem. Elas não tem relação com a situação concreta na qual foram pronunciadas. Como tal, pertencem à lei, profecia ou literatura sapiencial, da mesma maneira como no Antigo Testamento. Elas podem transcender todas essas três categorias em termos de profundidade e poder; mas não os transcendem em termos de caráter. Contudo, restringir a investigação histórica aos “ensinos de Jesus” é reduzir Jesus ao nível do Antigo Testamento e implicitamente negar sua reivindicação de superar o contexto vétero-testamentário .
          A segunda forma pela qual a pesquisa histórica se restringe às palavras de Jesus C mais profunda que a primeira. Ele nega que as palavras de Jesus sejam regras gerais de comportamento humano, que elas sejam regras às quais a gente deva se sujeitar, ou que elas sejam universais e possam portanto ser abstraídas da situação na qual foram ditas. Em vez disso, enfatizam a mensagem de Jesus de que o Reino de Deus está “à mão” e que portanto aqueles que querem entrar nele devem se decidir a favor ou contra o Reino. Essas palavras de Jesus não são regras gerais, mas exigências concretas. Essa interpretação do Jesus histórico, sugerida especialmente por Rudolf Bultmann, identifica o sentido de Jesus com o sentido de sua mensagem. Ele exige uma decisão, a saber, a decisão por Deus. E essa decisão inclui a aceitação da Cruz, porque ele mesmo aceitou a sua. Aquilo que é historicamente impossível, a saber, o esboço de uma “vida” ou uma Gestalt de Jesus, é engenhosamente evitado usando aquilo que está imediatamente dado - a saber, sua mensagem sobre o Reino de Deus e suas condições e apegando-se cada vez mais ao “paradoxo da Cruz de Cristo”  Mas até mesmo esse método de juízo histórico restrito não pode oferecer um fundamento à fé cristã. Ele não mostra como pode ser cumprida a exigência de decidir-se pelo Reino de Deus. A situação de ter que se decidir permanece sendo aquela sob a lei. Não transcende a situação do Antigo Testamento, a situação da busca por Cristo. Pode-se chamar a essa teologia de “liberalismo existencialista” em contraste com o “liberalismo legalista” do primeiro. Mas nenhum desses métodos responde à pergunta de onde reside o poder de obedecer aos ensinos de Jesus ou de decidir-se pelo Reino de Deus. Isso esses métodos não podem fazer porque a resposta deve vir de uma nova realidade que, de acordo com a mensagem cristã, é o Novo Ser em Jesus como o Cristo. A Cruz é o símbolo de um dom antes de ser o símbolo de uma exigência. Mas, se isso for aceito, é impossível retirar-se do ser de Cristo para refugiar-se em suas palavras. A via de acesso última da pesquisa e busca do Jesus histórico está barrada, e manifesta o fracasso da tentativa de apresentar um fundamento à fé cristã através da investigação histórica.


          3.5 A confusão semântica em torno da expressão “Jesus Histórico”


          Esse resultado teria sido reconhecido com mais facilidade se não fosse pela confusão semântica a respeito do sentido do termo “Jesus histórico”. Esse termo foi usado predominantemente para os resultados da pesquisa histórica referente ao caráter e vida da pessoa que está por trás dos registros do Evangelho. Como todo conhecimento histórico, nosso conhecimento dessa pessoa é fragmentário e hipotético. A investigação histórica sujeita esse conhecimento ao ceticismo metodológico e à mudança contínua que ocorre nos traços particulares, bem como nos essenciais. Ela tem como alvo ideal atingir um alto grau de probabilidade, mas em muitos casos isso é impossível.
          O termo “Jesus histórico” também é usado para significar o evento “Jesus como Cristo” como um elemento factual. O termo nesse sentido levanta a questão da fé e não a questão da pesquisa histórica. Se o elemento factual no evento cristão fosse negado, seria negado também o fundamento do cristianismo. Ceticismo metodológico sobre o labor da pesquisa histórica não nega esse elemento. A fé não pode nem mesmo garantir o nome “Jesus” com respeito àquele que foi o Cristo. Ela deve deixar isso às incertezas de nosso conhecimento histórico. Mas a fé garante a transformação factual da realidade naquela vida pessoal que o Novo Testamento expressa em sua imagem de Jesus como o Cristo. Se não se distinguirem esses dois sentidos do termo “Jesus histórico”, não é possível haver nenhuma discussão honesta e frutífera.




          II. A COMPLETA CRISTIFICAÇÃO DE JESUS




          1. CONCEITO DE CRISTIFICAÇÃO



          Christos em grego é “ungido”, de epichriô, “ungir, “untar”. A ilustração utilizada pelo Educador em Teologia Expedito Nogueira Marinho bem se adeqúa a essa etimologia: quando cai sobre uma folha de papel uma gota de azeite, esse papel ou qualquer outra substância porosa fica ungida ou permeada pelo óleo ao ponto de parecer ambos a mesma coisa, porque tanto o azeite está no papel como o papel está no azeite, de forma que ambos não podem serem vistos separadamente.
          Por “cristificação”, entende-se o ato ou efeito de o homem Jesus de Nazaré (de fato, pessoa humana) ser permeado pelo “Cristo”. Para isso ocorrer Jesus teve que ser efetivamente homem. Entretanto, é preciso ponderar que apesar de Jesus ter nascido, crescido, trabalhado, sofrido como ser humano, não viveu como todo indivíduo.  O nosso Senhor não era o tipo de homem como os outros homens. Essa análise deve ser feita para não se cair nos extremismos: uns elevam Jesus,  a tal ponto de perder a sua humanidade como faziam os docéticos do passado; outros diminuem Jesus a tal ponto de confundi-lo com um mero ser humano qualquer.


          2. SER FILHO DO HOMEM: REQUISITO PARA SER CRISTIFICADO


          O primeiro requisito para Jesus de Nazaré ser cristificado foi o fato de ele não ser um homem do tipo que toda a raça humana é. Ele foi o único homem 100% humano, enquanto o restante dos seres humanos são apenas semi-humanos. Por isso mesmo, enquanto Se manifestou em carne aos homens, Ele preferia Se auto-entitular  “O Filho do Homem”. Nosso Senhor não se denominou como filho ­de homem, mas sim Filho ­do homem, o que significa ser ele filho de uma geração 100% hominal. Ele foi gerado de modo diferente do restante da humanidade.
          O título Filho do Homem freqüentemente é aplicado à pessoa de Cristo, lembra sua humanidade (Jo 1.14). Cerca de 79 vezes esta expressão ocorre somente no NT e com exclusividade, nos Evangelhos, e vinte e duas vezes no livro do Apocalipse. Em Ezequiel (por toda a extensão do livro), a frase é empregada por Deus 91 vezes. Segundo o Dr. Allmen, em seu Vocabulário Bíblico citado por Tasker a expressão “Filho do Homem” (Jo 3.13) havia se tornado uma figura messiânica mais corrente. Esse é o motivo porque um exame dos textos evangélicos permitem, quase sem possibilidade de erro, preferir que ao designar-se “Filho do homem” o Senhor Jesus escolheu esse título, evidentemente, menos comprometido pelo nacionalismo judaico e pelas esperanças bélicas. Havia também uma esperança judaica do “Homem dos últimos tempos”, conforme lemos em Rm 5.12-21; 1 Co 15.22, 45, 47; e 2. 5-11). R.V.G. Tasker Professor Emérito de Exegese do Novo Testamento na Universidade de Londres em sua obra Mateus - Introdução e Comentário defende a idéia de que Cristo apartou para si o título em foco porque o termo expressava  melhor do que qualquer outro vocábulo os dois lados da sua natureza. Por um lado, chamava a atenção para as limitações e sofrimentos a que ele estava por necessidade sujeito durante a sua existência terrena; como homem real (sendo que o hebraico, “filho do homem: , equivale a “homem”) esteve abaixo dos anjos, conforme Hb 2.6,7. Por outro lado. Também sugeria a sua transcendência, que se veria em toda a sua glória quando os homens vissem o Filho do homem vindo para juízo nas nuvens do céu e reivindicando os seus direitos de propriedade sobre todos os reinos de acordo com o vaticínio do profeta Daniel (Dn 7.13,14).


          3. JESUS DE NAZARÉ PÔDE SER CRISTIFICADO PORQUE TAMBÉM É O FILHO DE DEUS

          Para os teólogos católicos Juan Mateos e Juan Barreto, na obra Vocabulário Teológico do Evangelho de São João,  a terminologia “Filho do homem” indica a condição humana realizada nele com excelência, plenitude e unicidade que o constitui em modelo de homem, o vértice da humanidade. Em outro momento da obra, apesar de os autores recomendarem cautela ao interpretar essa expressão. Admitem que “Homem” acompanhado do artigo definido “o” no Evangelho segundo escreveu João, ou seja, “O homem” (o Filho do homem) aparece no texto joanino doze vezes: 1.51; 3.13,14; 6.27,53,62; 8.28; 9.35; 12.12,34; 13.31. A passagem mais destacável é Jo 6.27: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, imprimiu o seu selo” (grifo nosso). Aqui o Filho do homem, distingui-se dos outros homens por estar marcado com o selo de Deus. Este selo é O Espírito, que recebeu em plenitude, conforme Jo 1.32,33.
          Ora, a visão de João Batista que descreve a descida do Espírito Santo é a explicação em forma de narrativa da afirmação teológica de Jo 1.14: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai”. A glória identifica-se com o Espírito e sua comunicação se realiza e caracteriza o projeto de Deus feito homem (vemos que em Jo 1.1c “um” Deus era o projeto. O filho do Homem significa pois nos lábios de Jesus, sua própria humanidade que possui a plenitude do espírito, o projeto divino sobre o homem realizado nele, o modelo de homem, o ‘vértice humano. É  a realidade de Jesus vista desde baixo, desde sua raiz humanam, que se ergue até à absoluta realização pela comunicação do Espírito. O seu correlativo é o título “o Filho de Deus”, que significa a mesma realidade vista de cima, desde de Deus, designado o que é totalmente semelhante a ele e possui a condição divina.
          Nessa linha de análise, a expressão “o Filho de Deus” designa Jesus como o que possui a plenitude do Espírito de Deus, denotando a relação particular e exclusiva que Jesus tem com o Pai. a expressão encontra-se pela primeira vez nos lábios de João Batista, expressando o efeito da descida do Espírito sobre Jesus, conforme Jo 1.32-34. A esta consagração com o Espírito o próprio Jesus associa a sua qualidade de Filho de Deus, consoante Jo 10.36. A condição de Filho de Deus, unidade à de Messias, constitui a profissão de fé da comunidade cristã. Logo, Jesus de Nazaré pôde ser cristificado porque também é o Filho de Deus.






          O TIPO DE FECUNDAÇÃO QUE FORMOU O CORPO DO SENHOR JESUS CRISTO


          Como já discorri anteriormente Jesus de Nazaré  não se auto-entitulou como filho ­de homem, mas sim Filho ­do homem, o que denota ser ele filho de uma geração 100% hominal. Para se entender isso é preciso distinguir a forma comum com que a espécie humana é gerada e o modo sobrenatural pelo qual “o Verbo se fez carne”.


          1. GERAÇÃO NATURAL - HUMANA, A NOSSA


          Fecundação é o ato e o efeito pelo qual um ser humano é gerado - a penetração de um espermatozóide em um óvulo. Nesse sentido, fecundar é comunicar a (um germe) o princípio, a causa imediata do seu desenvolvimento; é conceber, gerar alguém. Poucas maravilhas da natureza podem ser comparadas ao mágico instante da concepção da vida humana. O encontro entre o óvulo e o espermatozóide e marcado na Trompa de Falópio. Lá o óvulo, em repouso, espera pacientemente a chegada de um espermatozóide para ser fecundado e posteriormente tornar-se um bebê.
          O milagre da criação natural deve ocorrer dentro de 24 horas, caso contrário como declara a escritora Déborah Fonseca “tudo se resumirá a um rio de sangue”, com a chegada da menstruação. De outro lado, bem próximo, no momento do orgasmo masculino cerca de 400 milhões de espermatozóides são liberados e partem em ritmo alucinado para fazer cumprir sua missão de criar um novo ser humano,. Alguns podem levar horas até percorrerem os 18 centímetros entre a vagina e as trompas. Os mais afoitos, porém, conseguem chegar em questão de segundos. Há ainda outros, sem a mesma sorte, que acabam ficando pelo caminho presos nas cavidades do útero. Apenas um pequeno grupo vence todos os obstáculos e chega próximo ao óvulo. Sem hesitar um só instante, um dos espermatozóides se adianta aos outros e penetra o óvulo. Imediatamente, a composição química do óvulo se altera e impede a passagem de outros. É o fim desta incrível jornada e o início de uma nova vida. Glória ao Criador!
          A forma pela qual a raça humana é fecundada é a hiloplasmática. O prefixo “hilo” vem do vocábulo “hily” que significa matéria; e “plasmática” origina-se de “plasmar” que quer dizer “formar”. Essa análise etimológica nos leva a concluir que um corpo “hilo-gerado” é um corpo gerado pela matéria. Entende-se por matéria nesse contexto substância física, ou com mais aprofundamento, pelo ponto de vista filosófico da expressão, o que dá realidade concreta a uma coisa individual, que é o objeto de intuição no espaço e dotado de uma massa mecânica. Como vimos acima a forma com que uma pessoa é gerada é um estupendo milagre. Mas, por mais maravilhoso ( e não deixa de ser um milagre) que seja nosso Senhor Jesus teve uma geração muito mais maravilhosa que essa, como veremos adiante.








          2. GERAÇÃO SOBRENATURAL - DIVINA, A DO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.


          Se a produção de um ser humano natural já é estupenda e miraculosa, muito mais nos deixa estupefatos  a forma com que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. É o chamado milagre da regressão, que o Apóstolo Paulo bem descreveu de um modo até poético aos crentes em Filipos, quando expôs a profunda  doutrina da necessidade de o cristão manter-se humildade em seu coração a semelhança de “Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. (Fp 2.5-8).
          Como expus anteriormente a fecundação é o ato e o efeito pelo qual um ser humano é gerado - no caso natural ocorre com a penetração de um espermatozóide em um óvulo, comunicando-lhe a causa imediata do seu desenvolvimento. Mas o nosso Senhor Jesus não foi fecundado pelo modo hiloplasmático como comentei anteriormente. Sua geração foi bioplasmática. Analisemos a etimologia do termo “bioplasmática”. A palavra “bios” em grego é “vida” e relembrando o sufixo “plasmática” vem de “plasmar” que quer dizer “formar”. Significa dizer que um corpo “bioplasmático” é um corpo formado pela vida. Logo, Jesus foi gerado pela vida.
          A geração bioplasmática por certo fora a maneira com qual Deus planejara a procriação da espécie humana a partir de Adão, entretanto, tal plano foi frustrado pelo fato de o primeiro homem não ser aprovado no teste de fidelidade aplicado pelo Senhor. O pecado interrompeu o projeto de procriação pela vida planejado pelo Criador. Em contra partida, Jeová pôde executar o seu plano de geração do ser através da encarnação do Verbo divino. O Filho de Deus não foi gerado pela matéria, por isso, pôde se auto-entitular de Filho do Homem. Jesus de Nazaré foi o maior homem que já pisou a face da Terra.
          Talvez a idéia acima fique estranha ao leitor apressado da Bíblia que lendo o Santo Evangelho de Jesus Cristo segundo escreveu São Lucas vê a própria declaração de Jesus acerca de um profeta “... entre os nascidos de mulher, não há maior profeta do que João Batista” (Lc 7.28). Jesus sabia que Ele próprio era o maior ser humano da face da terra (o único 100% homem), mas também tinha consciência que não tinha provindo a carne de Maria e muito menos de José. Conforme vemos em Lucas 1.35: “Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus”. Falando de modo reverente, Gabriel diz que o Espírito Santo descerá sobre Maria e que o poder do Altíssimo a envolvera.
          Alguns exegetas esclarecem essa passagem bíblica de modo peculiar. Leon Morris ensina que esta expressão delicada exclui idéias grosseiras de uma “união” entre o Espírito Santo com Maria. Gabriel deixa claro que a concepção de Maria será o resultado de uma atividade divina. Por causa disso, o filho a ser nascido seria  “santo... o Filho de Deus”. A nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém esclarece que a expressão “o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra” evoca, seja nuvem luminosa de Jeová, conforme Ex 13.22, 19.16, 24.16), seja as asas do pássaro que simbolizam o poder protetor (Sl 17.8; 57.2; 140.8) e criador (Gn 1.2) de Deus. Merril Tenney assevera que em contraste com as lendas pagãs da antigüidade relacionadas com reputada descendência de deuses homens, não houve nenhuma intervenção física. O Espírito Santo, por meio de uma ato criador no corpo de Maria, providenciou os meios físicos para a encarnação. O teólogo E. F. Kevan ensina que o Espírito Santo desceu sobre a virgem Maria em Sua capacidade como poder criativo de Deus, conforme Gn 1.2, a encarnação foi o começo de uma nova criação. O “poder do Altíssimo” cobriu-a livre de toda a mancha do pecado. Ainda que verdadeiramente da raça de Adão, Jesus no entanto nasceu como Cabeça, sem pecado, de uma nova raça. As palavras de Gabriel: “Será chamado Filho de Deus”, dão base à filiação divina do filho de Maria quando de Sua concepção pelo Espírito divino. Isso não implica, nem tão pouco exclui a sua preexistência. Seu resultado é visto na consciência da paternidade de Deus que Jesus possuía desde Seus anos primordiais. Portanto, o homem Jesus não fora gerado pela matéria, mas sim, pela vida. Não foi contaminado com o elemento pecaminoso que havia em Maria.
          Por outro lado, os homens naturais são “gerados pela carne e pelo sangue”, por isso são mortais como todo animal, mas, o Senhor Jesus possuía em si a imortalidade. Prova disso foi o que Ele mesmo revelou acerca dessa verdade: “...dou a minha vida para a retomar. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai” (Jo 10.17,18). Somente tem legitimidade para falar dessa maneira quem possui em si a imortalidade. Isso corrobora a verdade de que Jesus foi gerado de um modo 100% humano e 0% animal, em função disso, ele intitula a si mesmo de “O filho do Homem”.






          B I B L I O G R A F I A


          BARRETO et MATEOS, Juan, Juan. Tradução Alberto Costa. Vocabulário Teológico do Evangelho de São João. Edições Paulinas, São Paulo 1989.


          BRITO, Robson J. Anotações Particulares,  Maringá, de 1993 a 1998.


          CHAMPLIN et BENTES, Russel, José Carlos. Enciclopédia de Bíblia e de Teologia. Editora Candeia, 1ª Ed., São Paulo 1994.


          MARINHO, Expedito Nogueira. Cristologia - Apostila -  SETAD - Seminário Teológico da Assembléia de Deus - São Paulo, 1998.


          TASKER, R. V. G.. Mateus - Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão, 1ª Ed., São Paulo, 1980, Reimpressão 1985.


          TILLICH, Paul. Teologia Sistemática. Tradução: Getúlio Bertelli. Editora Sinodal e Edições Paulinas, 2ª Ed., São Leopoldo - RS e São Paulo - SP, 1987.